Jornal Estado de Minas

POLÍTICA

Maioria da população não confia nas declarações de Bolsonaro, diz Datafolha

A maioria da população desconfia sempre das declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha. O resultado do levantamento mostra que 57% dos entrevistados dizem nunca confiar no que é dito por ele, contra 15% que afirmaram sempre confiar. Já 28% responderam que às vezes confiam.





 

 


Foram ouvidas 3.667 pessoas, presencialmente, em todo o Brasil, entre 13 e 15 de setembro. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

O índice de desconfiança em relação às declarações do presidente, numericamente, é o mais alto registrado pelo instituto neste mandato.

A descrença em relação às falas é maior entre as mulheres do que entre os homens - 61% a 52% - e entre entrevistados que vivem no Nordeste - 66%.

Porém, a taxa negativa cai entre os entrevistados com renda mais alta. Para aqueles que têm renda familiar de cinco a dez salários mínimos, o índice fica em 48%. Já os com renda familiar superior a dez salários mínimos que sempre confiam nas declarações somam 26%.





Entre os eleitores que afirmam votar pela reeleição de Bolsonaro em 2022, a taxa de confiança atinge 50% ou mais, dependendo do cenário eleitoral pesquisado.

Um dos segmentos que menos acreditam na veracidade das declarações do presidente é o que vê "muita chance" de um golpe de estado no país. Entre esses entrevistados, a desconfiança no que é dito por Bolsonaro chega a 85%.

Números crescentes e declarações polêmicas


Segundo o instituto, na pesquisa anterior, feita em julho, a taxa de desconfiança estava em 55%. Em maio, o índice era de 50%. A alta é observada desde dezembro passado, quando a resposta "às vezes" chegou a superar numericamente o índice negativo - 39% a 37% na ocasião.

Desde o último levantamento, Bolsonaro aumentou as declarações com teor golpistas e de ataque a outros poderes.

O presidente já deu declarações contrárias à vacinação contra COVID-19, fez críticas aos parceiros comerciais do Brasil, além de se posicionar contra o sistema eletrônico de votação.





Durante uma das lives semanais, no fim de julho, ao lado de um militar apresentado apenas como "analista de inteligência", o presidente apresentou o que chamava de provas de fraudes nas eleições.

Mas, as alegações eram apenas teorias que circulam há anos na internet sobre as urnas eletrônicas e que foram desmentidas pelo TSE.

Depois da derrota da proposta do voto impresso na Câmara, em 10 de agosto, Bolsonaro voltou sua mira contra o Supremo Tribunal Federal, em especial com críticas aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.





Manifestações de 7 de setembro


O presidente convocou manifestações para o Sete de Setembro e, em discurso,afirmou que não cumpriria mais ordens de Alexandre de Moraes.

O ministro %u200BBarroso respondeu chamando o presidente de "farsante". "O slogan para o momento brasileiro, ao contrário do propalado, parece ser: 'Conhecerás a mentira e a mentira te aprisionará'".

Dois dias depois, diante de uma paralisação de caminhoneiros em protesto contra o STF e em seu apoio, Bolsonaro recuou e publicou uma nota escrita com a ajuda do ex-presidente Michel Temer.





Atuação na pandemia


Outro tema frequente de declarações mentirosas do presidente é em relaçao a atuação do governo na pandemia.

Em março, ele afirmou durante pronunciamento na TV que em nenhum momento o governo deixou de tomar medidas para combater o vírus. Porém, ele mesmo minimizou a crise sanitária, também em rede de televisão, em 2020.

Bolsonaro costuma repetir que o STF impediu o governo federal de agir na pandemia. Na verdade, a corte deu autonomia para que estados e municípios adotassem medidas de prevenção, como o fechamento de estabelecimentos comerciais.

O ceticismo com relação ao que o presidente diz não está em patamares muito diferentes da avaliação do governo Bolsonaro como um todo.

A pesquisa feita pelo instituto nesta semana mostrou que 53% dos entrevistados consideram seu governo ruim ou péssimo, contra 22% que o avaliam como ótimo ou bom.
 
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie. 





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