A pouco mais de um ano para as eleições de 2022, o presidente Jair Bolsonaro tem cada vez menos prestígio entre as camadas mais pobres da sociedade e corre o risco de ficar sem os votos de uma parcela expressiva da população na corrida pela reeleição.
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As donas de casa estão entre as que lideram essa rejeição contra o presidente: 69% responderam que escolherão qualquer outro candidato a presidente no ano que vem. Na comparação com o Datafolha anterior, de julho deste ano, essa estatística cresceu oito pontos percentuais.
Dentre os informais, 66% disseram que não votarão em Bolsonaro. O crescimento em relação a julho foi um pouco maior, de 10 pontos percentuais. Brasileiros que ganham até dois salários mínimos também rejeitarão o chefe do Executivo: 63% afirmaram que não votam em Bolsonaro de forma alguma - não houve alteração em relação à pesquisa anterior.
Outra parcela de brasileiros que descartará um voto em Bolsonaro são os desempregados. Entre os que não estão atrás de emprego, 54% vão optar por outro nome que concorrer à Presidência - um ponto percentual a mais do que em julho. Já dos que buscam um emprego, 69% disseram que não votarão no atual presidente - houve uma queda de cinco pontos percentuais em comparação ao Datafolha anterior.
Bolsonaro ainda tem forte rejeição entre os estudantes: 73% dos que responderam à pesquisa garantiram que votarão em outra pessoa - em julho, o número era seis pontos percentuais menor.
Oposição tentará tirar proveito
Os indicadores revelados pelo Datafolha devem balizar as campanhas da oposição para o ano que vem. Candidatos como Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT) apostarão em pautas para atender os mais carentes para tentar angariar mais votos entre os brasileiros que não votariam em Bolsonaro de forma alguma.
Pela própria pesquisa Datafolha, é possível ter um parâmetro. O petista lidera as intenções de voto entre todos os perfis citados nesta matéria: 33% entre quem ganha dois salários até mínimos, 32% entre desempregados que não buscam emprego, 31% entre desempregados que buscam emprego, 30% entre trabalhadores informais, 29% entre donas de casa e 22% entre estudantes.
Bolsonaro é o segundo na maioria desses segmentos, à exceção dos brasileiros com renda inferior a R$ 2 mil. Nesse segmento, Ciro está na frente, com 14% das intenções de voto.
Parlamentares de esquerda criticam o tratamento dado por Bolsonaro aos mais pobres e cobram mudança. "A população está cada vez mais pobre, o desemprego cresce, e não há nenhuma medida emergencial ou estrutural do governo para um programa robusto de geração de empregos. Todos nós temos que entender, a ampla maioria do povo brasileiro que a primeira e mais importante solução para o Brasil é principalmente retirar Bolsonaro da Presidência da República. O país precisa de uma chance para recuperar o caminho perdido", critica o deputado Henrique Fontana (PT-RS).
"Já são 20 milhões de miseráveis, 15 milhões de desempregados. Há uma inflação que está batendo à casa dos dois dígitos nos últimos 12 meses, a gasolina está a R$ 7, o bujão de gás a R$ 130, e a proteção social do Brasil sem ter o devido tratamento responsável. Do orçamento que foi destinado à proteção social, apenas um terço foi executado. De R$ 1,8 bilhão, apenas R$ 600 milhões foram executados. Então, é muito importante que tenhamos da parte do governo federal uma atenção", acrescentou o deputado Danilo Cabral (PSB-PE).
Composição dos grupos que não votarão em Bolsonaro de forma alguma
14,444 milhões de desempregados que procuram emprego*
69% deles não votarão em Bolsonaro (9,966 milhões)
5,6 milhões de desempregados que não procuram emprego*
54% deles não votarão em Bolsonaro (3,024 milhões)
74,914 milhões que estão fora da força de trabalho (incluindo donas de casa e estudantes)*
Em média, 71% deles não votarão em Bolsonaro (53,188 milhões)
35,6 milhões de trabalhadores informais*
66% deles não votarão em Bolsonaro (23,496 milhões)
24,535 milhões de pessoas que vivem com ¼ do salário mínimo**
63% deles não votarão em Bolsonaro (15,457 milhões)
* Números referentes ao segundo trimestre de 2021
** Número referente ao primeiro trimestre de 2021
Fontes: Datafolha e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)