O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) embarca hoje para Nova York, acompanhado de uma comitiva de 18 pessoas entre ministros, familiares e convidados, para participar da abertura da 76ª sessão da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira. Sem a divulgação do discurso oficial, o presidente deu algumas pistas do que pode dizer no terceiro discurso que fará no evento anual.
O presidente que vai ao evento sem se vacinar e por isso terá sua circulação restrita na cidade, disse a apoiadores que levará “verdades” e mostrará o que o Brasil “representa verdadeiramente para o mundo”. Prometeu ainda levar para o mundo a questão do marco temporal da demarcação de terras indígenas, que está em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
O presidente que vai ao evento sem se vacinar e por isso terá sua circulação restrita na cidade, disse a apoiadores que levará “verdades” e mostrará o que o Brasil “representa verdadeiramente para o mundo”. Prometeu ainda levar para o mundo a questão do marco temporal da demarcação de terras indígenas, que está em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
A perspectiva é que Bolsonaro apresente sua crítica à possibilidade de a tese do marco temporal, que estabelece a data da promulgação da Constituição de 1988 como baliza para a definição de terras indígenas, ser derrubada pela Justiça. Vai levar para a ONU uma questão que chama a atenção do mundo, por envolver os povos indígenas, e com chances de não ter apoio de outras nações, ou mesmo do organismo. O tema do evento, “Construindo resiliência por meio da esperança – para se recuperar de COVID-19, reconstruir a sustentabilidade, responder às necessidades do planeta, respeitar os direitos das pessoas e revitalizar as Nações Unidas”, sugere que pode haver polêmica.
“O que eu devo falar lá? Algo nessa linha: se o marco temporal for derrubado, se tivermos que demarcar novas terras indígenas, hoje em dia temos aproximadamente 13% do território nacional demarcado como terra indígena já consolidada. Caso tenha-se que levar em conta um novo marco temporal, essa área vai dobrar”, disse a apoiadores na sexta-feira em Minas. E lembrou do apelo que fará ao mundo. “A gente espera que o STF mantenha esse marco temporal lá de trás, de 1988.
Para o bem do Brasil e para o bem do mundo também. Tem gente lá fora pressionando por um novo marco temporal, para demarcar mais uma área equivalente à da Alemanha e da Espanha. Vai ter reflexo lá fora também”, apontou. Especialistas negam haver conflito entre o marco temporal para demarcação de terras indígenas e a produção de alimentos no Brasil.
Para o bem do Brasil e para o bem do mundo também. Tem gente lá fora pressionando por um novo marco temporal, para demarcar mais uma área equivalente à da Alemanha e da Espanha. Vai ter reflexo lá fora também”, apontou. Especialistas negam haver conflito entre o marco temporal para demarcação de terras indígenas e a produção de alimentos no Brasil.
No ano passado, em plena pandemia de COVID-19, Bolsonaro fez um discurso considerado “contido”. Ele afirmou que tinha “compromisso solene” com a preservação do meio ambiente e acusou líderes estrangeiros de atacarem a soberania do Brasil – quando disse que o Brasil é vítima de campanha de desinformação. Porém, os dados levantados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) contrariam Bolsonaro.
Na comitiva que acompanha Bolsonaro a Nova York, onde é exigida vacinação para frequentar ambientes fechados de restaurantes, estão os ministros das Relações Exteriores, Carlos Alberto França; da Economia, Paulo Guedes; do Meio Ambiente, Joaquim Leite; da Segurança Pública, Anderson Torres; do Turismo, Gilson Machado; e da Saúde, Marcelo Queiroga. Também acompanharão Bolsonaro Luiz Eduardo Ramos e Augusto Heleno, da Secretaria-Geral da Presidência e do Gabinete de Segurança Institucional, respectivamente. O secretário especial de Assuntos Estratégicos, Flávio Viana Rocha, também foi confirmado.
O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Nestor José Forster, também embarcará com a comitiva junto de Ronaldo Costa Filgo, representante permanente do Brasil nas Nações Unidas. Entre familiares, vão a primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Além de três intérpretes, Bolsonaro também confirmou a presença de um convidado especial – o jurista Rodrigo de Bittencourt Mudrovitsch, e do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. Todos terão que apresentar comprovante de vacina contra COVID-19 para ingressar no prédio da ONU. A exceção é Bolsonaro, que apresentará um teste PCR negativo.
Equipe O presidente participou ontem de um evento da Rota da Fruticultura, organizada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, em Brasília. Ele aproveitou para elogiar sua equipe de ministros, repetindo o que fez sexta-feira em Minas. “Quando um time não está indo bem, a gente pensa logo em trocar o técnico. O meu time está indo muito bem. São 23 ministros, alguns aqui presentes”, comentou. Bolsonaro estava acompanhado do ministro da pasta, Rogério Marinho, com a presença também de Paulo Guedes, da Economia.
O evento contou com a entrega de caminhões pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). A iniciativa vai contar com mais R$ 34 milhões para aquisição de equipamentos e apoio ao desenvolvimento. “A fruticultura tem se desenvolvido no Brasil com grande mercado consumidor da produção. Essa iniciativa das rotas é muito bem-vinda. Nossa economia não pode e não vai parar”, destacou Bolsonaro, durante o evento. Após a solenidade, o presidente passou na Praça dos Três Poderes, em Brasília, onde falou com apoiadores.