Jornal Estado de Minas

INVESTIGAÇÃO

Polícia abre caixas com documentos da BHTrans encontradas por ex-gerente


Com a presença de vários vereadores que compõem a CPI da BHTrans, a Polícia Civil verificou e fez a abertura, nesta quarta-feira (22/9), das oito caixas com documentos de contratos de licitação do transporte público de Belo Horizonte de 2008. Eles estavam desaparecidos, mas foram encontrados de forma misteriosa há 13 dias. O encontro dos parlamentares ocorreu na própria sede da empresa, no Buritis, na Região Oeste da capital.




 
 
Os documentos ficarão em poder da própria Polícia Civil para perícia técnica. O conteúdo poderá desvendar parte dos contratos feitos com empresas de ônibus em 2008. Eles eram procurados desde janeiro.

“A Polícia Civil efetuou a busca e a apreensão e recolheu os documentos para que, a partir de agora, possamos ter o controle de quem tem acesso ou vai manipular os documentos. Também poderemos atestar se eles estão íntegros e intactos nas caixas", afirma o delegado da Polícia Civil, Rômulo Dias, da Regional do Barreiro. 
 
O delegado afirmou que os papéis servirão para completar as investigações: “Em razão desse inquérito policial apresentado, houve a necessidade de a gente produzir a prova relativa ao documento que foi encontrado. Ele se encontra íntegro e completo, com todas as folhas presentes. Somente a investigação por meio do laudo pericial poderá atestar se todos os contratos estão presentes nas caixas”. 





Vereador Gabriel Azevedo: "O importante é que a Polícia Civil faça perícia desse material. O que nos preocupa é o prazo" (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)


O responsável pela entrega de toda a documentação foi Adilson Elpídio Daros, gerente exonerado da BHTrans, um dos investigados pela CPI instaurada na Câmara. Até então, as caixas haviam sido arquivadas num cofre da Central de Operações pelo presidente da empresa, Diogo Prosdocimi, que registrou um boletim de ocorrência.

“O importante é que a Polícia Civil faça perícia desse material. O que nos preocupa é o prazo. A presidente da Câmara, Nely Aquino, e eu vamos nos reunir com o chefe da Polícia Civil para solicitar o esforço, uma força-tarefa, para digitalização dos documentos para que a CPI tenha acesso o mais rápido possível a toda a documentação. A BHTrans virou caso de polícia e contamos com o apoio da polícia estadual”, destaca o presidente da CPI, vereador Gabriel Azevedo.

O parlamentar afirmou que outra caixa com novos documentos reapareceu na sede da empresa, o que pode levar a novos fatos na investigação.

“Vamos aprovar um requerimento na terça-feira para uma nova visita técnica na empresa. Há fatos que estão por lá e documentações que estão armazenadas na empresa. A Maciel Consultores, aquela da auditoria fajuta de 2018, resolveu enviar uma caixa de documentos para o diretor investigado, Adilson. Essa caixa está presente na BHTrans e a polícia foi acionada para pegá-la. Essa novela da BHTrans realmente passou da hora”.




 
Diogo Prosdocimi comemora a entrega dos documentos à CPI e diz que eles serão importantes para a transparência da empresa: "É um momento fundamental, pois não há mais nada a esconder. Quando não há transparência, precisamos investigar. São documentos necessários para a análise da situação do contrato desde o início da minha gestão e tínhamos a dificuldade de encontrá-los. Estamos preparando para a CPI. Esperamos que seja mais uma etapa de não-compromisso com o erro. Se tiver alguma coisa de errada, vamos tentar melhorar o serviço".
 

Trabalhos da CPI 

A CPI da BHTrans foi instaurada em maio deste ano e convocou várias testemunhas para prestar depoimento, entre eles o presidente Diogo Prosdocimi. Além disso, a comissão quebrou sigilo telefônico, bancário e de dados de 23 pessoas que são ligadas às empresas de ônibus. 

Elas estão ligadas aos consórcios de transporte ou fizeram parte do processo licitatório do transporte coletivo de 2008 que culminaram no contrato em vigor com as empresas de ônibus.
 
Na próxima segunda-feira (27/9), o projeto 160/2021 para a extinção da BHTrans será votado em segundo turno no plenário da Câmara. Em substituição à empresa, será criada a Superintendência de Mobilidade do Município de Belo Horizonte (Sumob). 
 
Em primeiro turno, o projeto foi aprovado com 37 votos a favor e três contra. Para aprovação, o texto dependia do voto favorável de 2/3 da Câmara de BH (28 vereadores).  

Na próxima semana, estão previstos no Legislativo os depoimentos de Cristiana Maria Fortini Pinto e Silva, advogada e ex-procuradora-geral do município de BH; Marco Antônio Rezende, ex-procurador da Prefeitura de BH; além de Adilson Elpídio Daros.





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