O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta divulgou um vídeo de março de 2020 no qual ele comentava o número elevado de mortes no hospital Santa Maggiore, da Prevent Senior.
No post, o ministro relata que foi impedido de trabalhar. “31 de março de 2020. Alertei. Fui impedido de trabalhar no dia 16 de abril. Quanta barbaridade”, escreveu.
“No momento que entrou ali dentro, você já não consegue tirar as pessoas de lá porque elas estão em isolamento ali dentro, você não sabe quem vai apresentar a doença ou não… você todas aquelas pessoas imunossuprimidas e você já fez 80 mortos de um total de 136”, diz. “80 em um lugar só…”, completa Mandetta.
Confira o vídeo:
Mandetta foi demitido 15 dias depois de fazer o alerta.
A Prevent Senior está sendo acusada de ocultar mortes de pacientes que participaram de estudo realizado para testar a eficácia da hidroxicloroquina contra COVID-19.
A pesquisa foi apoiada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e divulgada como solução contra a pandemia.
A informação foi publicada em primeira mão pela TV Globo, que afirmou que a CPI da COVID recebeu um dossiê com uma série de denúncias de irregularidades, elaborado por médicos e ex-médicos da Prevent.
No documento, é citado que a disseminação da cloroquina e outras medicações foi resultado de um acordo entre o governo Bolsonaro e a Prevent. Segundo o dossiê, o estudo foi um desdobramento do acordo.
Código de classificação da COVID
Na CPI da COVID, Pedro Batista Júnior, diretor da Prevent Senior, afirmou que os hospitais da rede alteravam o código de classificação do vírus.
De acordo com o diretor, após os pacientes ficarem 14 dias internados com o vírus, o diagnóstico era alterado.
“A mensagem é clara: todos os pacientes com suspeita ou confirmados de COVID, na necessidade de isolamento, quando entravam no hospital, precisavam receber o B34.2, que é o código de COVID, e, após 14 dias – ou 21 dias, para quem estava em UTI –, se esses pacientes já tinham passado dessa data, o código poderia já ser modificado, porque eles não representavam mais risco para a população do hospital”, disse o diretor.