Em 3 de abril, véspera do domingo de Páscoa, o advogado Leandro Vusberg, de 36 anos, sofreu um choque. Ele soube que seu avô, o PM aposentado Carlos Vusberg, de 84 anos, internado dias antes com COVID-19, estava com braços e pernas amarrados e com máscara de oxigênio, em um hospital da rede Sancta Maggiore, da Prevent Senior. O idoso, segundo o neto, estava sem fôlego e agitado, mas não foi sedado. O que mais causava estranheza era que o paciente havia tido alta da UTI, sem que tivesse melhorado. Carlos morreu dois dias depois.
Nas últimas semanas, a mesma Prevent Senior passou a ser foco das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID. Senadores suspeitam que pacientes do plano de saúde foram submetidos a experiências com o "kit COVID" - composto por medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença -, sem conhecimento de familiares. Médicos disseram à comissão que o estudo foi fraudado, para induzir à ideia de que o tratamento, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, funciona. A empresa nega as acusações e se diz alvo de difamação.
As denúncias da CPI chamaram a atenção da família de Carlos, que questiona se o aposentado também foi medicado com o chamado "kit COVID". Após a morte, o que aflige a família há cinco meses é a falta de informação sobre o caso. Parentes exigem que a Prevent Senior forneça o prontuário médico, que dizem ter pedido informalmente na época da morte. Estão dispostos a ir à Justiça para consegui-lo caso a empresa volte a negar. Com os papéis em mãos, querem saber o que aconteceu, para entender por que o avô morreu.
Procurada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", a Prevent Senior alegou questões legais e não quis se manifestar sobre o caso de Carlos Vusberg. Afirmou apenas que os registros médicos do paciente podem ser pedidos pelos familiares assim que solicitarem.
Internações
Carlos foi internado pela primeira vez em um hospital da rede em outubro de 2020. "Ele estava sem fôlego e foi ao hospital", disse o neto. Os médicos suspeitaram de covid e fizeram o teste para confirmar se ele estava infectado. O problema, segundo Leandro, é que seu avô foi levado para uma UTI exclusiva para pacientes com a doença antes que o resultado - que daria negativo para o novo coronavírus - saísse.
"Lembro de ele estar desesperado e falar: 'Me tirem daqui. Se eu não estiver com COVID, agora vou ficar'. Quando saiu o resultado, dois dias depois, ele foi transferido (para o quarto)", afirmou Leandro, sobre a primeira internação. Em novembro, mandaram o paciente para casa. Carlos, porém, seria novamente internado, em fevereiro de 2021, mas desta vez não voltou para casa.
O policial militar reformado faria 85 anos neste mês. Criou as quatro filhas na Mooca, na zona leste de São Paulo. Era cheio de histórias, segundo o neto, em especial por ter sido um dos astros do Gigantes do Ringue, programa de lutas coreografadas que fazia sucesso na televisão, nos anos 1960.
'Kit COVID'
Na primeira internação, em outubro, a Prevent Senior não receitou o "kit COVID", formado por medicamentos como cloroquina e ivermectina, que além de não funcionar contra a doença, pode expor pacientes a risco. Mas a família pôde testemunhar o que, agora, levanta suspeitas sobre supostas pressões do plano de saúde para a prescrição desses remédios.
"O médico receitou alguns medicamentos, e a enfermeira virou e disse: 'Doutor, o senhor não vai receitar o kit COVID?' Era como se estivesse lá para ver se o kit estava sendo receitado", relatou Leandro.
Em fevereiro, Carlos se sentiu mal. Ao retornar ao Sancta Maggiore, foi feito novo teste. Desta vez, o resultado deu positivo para COVID-19. "Ele foi internado e ficou na UTI por dois dias. Depois, foi transferido para um quarto. A gente não entendeu por que ele tinha saído da UTI se não tinha melhorado. Ele estava com dificuldade para respirar, mas não foi intubado, não foi sedado", afirmou Leandro. Segundo o neto, o hospital não explicou o motivo de ele ter sido imobilizado. No dia 5, a família recebeu o telefonema informando a morte de Carlos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Nas últimas semanas, a mesma Prevent Senior passou a ser foco das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID. Senadores suspeitam que pacientes do plano de saúde foram submetidos a experiências com o "kit COVID" - composto por medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença -, sem conhecimento de familiares. Médicos disseram à comissão que o estudo foi fraudado, para induzir à ideia de que o tratamento, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, funciona. A empresa nega as acusações e se diz alvo de difamação.
As denúncias da CPI chamaram a atenção da família de Carlos, que questiona se o aposentado também foi medicado com o chamado "kit COVID". Após a morte, o que aflige a família há cinco meses é a falta de informação sobre o caso. Parentes exigem que a Prevent Senior forneça o prontuário médico, que dizem ter pedido informalmente na época da morte. Estão dispostos a ir à Justiça para consegui-lo caso a empresa volte a negar. Com os papéis em mãos, querem saber o que aconteceu, para entender por que o avô morreu.
Procurada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", a Prevent Senior alegou questões legais e não quis se manifestar sobre o caso de Carlos Vusberg. Afirmou apenas que os registros médicos do paciente podem ser pedidos pelos familiares assim que solicitarem.
Internações
Carlos foi internado pela primeira vez em um hospital da rede em outubro de 2020. "Ele estava sem fôlego e foi ao hospital", disse o neto. Os médicos suspeitaram de covid e fizeram o teste para confirmar se ele estava infectado. O problema, segundo Leandro, é que seu avô foi levado para uma UTI exclusiva para pacientes com a doença antes que o resultado - que daria negativo para o novo coronavírus - saísse.
"Lembro de ele estar desesperado e falar: 'Me tirem daqui. Se eu não estiver com COVID, agora vou ficar'. Quando saiu o resultado, dois dias depois, ele foi transferido (para o quarto)", afirmou Leandro, sobre a primeira internação. Em novembro, mandaram o paciente para casa. Carlos, porém, seria novamente internado, em fevereiro de 2021, mas desta vez não voltou para casa.
O policial militar reformado faria 85 anos neste mês. Criou as quatro filhas na Mooca, na zona leste de São Paulo. Era cheio de histórias, segundo o neto, em especial por ter sido um dos astros do Gigantes do Ringue, programa de lutas coreografadas que fazia sucesso na televisão, nos anos 1960.
'Kit COVID'
Na primeira internação, em outubro, a Prevent Senior não receitou o "kit COVID", formado por medicamentos como cloroquina e ivermectina, que além de não funcionar contra a doença, pode expor pacientes a risco. Mas a família pôde testemunhar o que, agora, levanta suspeitas sobre supostas pressões do plano de saúde para a prescrição desses remédios.
"O médico receitou alguns medicamentos, e a enfermeira virou e disse: 'Doutor, o senhor não vai receitar o kit COVID?' Era como se estivesse lá para ver se o kit estava sendo receitado", relatou Leandro.
Em fevereiro, Carlos se sentiu mal. Ao retornar ao Sancta Maggiore, foi feito novo teste. Desta vez, o resultado deu positivo para COVID-19. "Ele foi internado e ficou na UTI por dois dias. Depois, foi transferido para um quarto. A gente não entendeu por que ele tinha saído da UTI se não tinha melhorado. Ele estava com dificuldade para respirar, mas não foi intubado, não foi sedado", afirmou Leandro. Segundo o neto, o hospital não explicou o motivo de ele ter sido imobilizado. No dia 5, a família recebeu o telefonema informando a morte de Carlos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.