Investidores, analistas de bancos e corretoras esperam nova postura de Bolsonaro diante dos problemas socioeconômicos que o país enfrenta.
“Os cidadãos irão comemorar os mil dias com um banho rápido e com as luzes apagadas. Quando o presidente assumiu, a situação fiscal já era difícil e a pandemia a agravou. O aniversário de mil dias cai em um péssimo momento. As crises institucional, econômica e social estão entrelaçadas”, diz o diretor-geral da Associação Contas Abertas, Gil Castello Branco.
Ele lembra que “privatizações, reformas, cortes de subsídios e outras medidas aguardadas pelo mercado caminham a passos lentos” e comenta que o governo precisa agir por mudanças “As expectativas também não são favoráveis. Há incertezas geradas pelo comportamento permanentemente conflituoso do próprio presidente com os outros poderes. A ânsia pela reeleição ameaça a responsabilidade fiscal”, alerta Castello Branco.
“Esses fatos não contribuem para a estabilidade e para a previsibilidade que os agentes econômicos desejam. Dessa forma, as consequências são a queda da bolsa, a alta do dólar, a inflação ascendente, os juros futuros subindo, a fuga de capitais, os investimentos postergados e o desemprego”, completa.
Por fim, Castello Branco destaca que o presidente tentará contornar essas dificuldades investindo em programas populistas como o Auxílio Brasil; outros dirigidos a determinados segmentos como policiais e militares; e investimentos que tragam resultados eleitorais.
“Excepcionais”
Por outro lado, o deputado Major Vítor Hugo (PSL-GO), ex-líder do governo na Câmara dos Deputados, garante que os primeiros anos da gestão do presidente foram “excepcionais” e que o governo tem muito a comemorar. Ele cita a reforma da Previdência, o Acordo de Alcântara, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento de Guerra e o auxílio emergencial como importantes feitos do governo.
“Conseguimos preservar os empregos dos brasileiros e salvar vidas, contratamos milhões de vacinas. Os desafios principais do governo foram plenamente alcançados na relação com o Parlamento e no enfrentamento da pandemia nesses mais de dois anos”, analisa. “Avançamos na infraestrutura, leilão de portos e aeroportos, construção de pontes e ferrovias. O governo tem muito do que se orgulhar e vai avançar muito mais com as reformas tributária e administrativa”, acrescenta.
Major Vitor Hugo alega que o presidente é bem recebido nas cidades por onde passa, o que mostra que a popularidade dele não é tão baixa assim. “Em 2018, falava-se que ele não avançaria, que desidrataria, que não passaria do primeiro turno e em todas as situações venceu. Tenho plena consciência de que o governo vai seguir em frente. O Brasil segue firme para tentar equilibrar as necessidades de desenvolvimento econômico e a necessidade de preservação do meio ambiente.”