O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), assegurou nesta segunda-feira (4/10) que o Poder Executivo municipal vai apurar as denúncias feitas contra Adalclever Lopes (MDB), secretário de Governo . As acusações partiram do ex-chefe de gabinete do pessedista, Alberto Lage.
Dois tópicos estão em exame: a suspeita em torno da utilização, por parte de Adalclever, de eventual campanha do prefeito ao governo mineiro para a captação de dinheiro e a suposta pressão sobre um empresário com contrato junto ao poder público para pagar uma pesquisa eleitoral com vistas ao pleito de 2022.
"O prefeito não tem compromisso com coisa errada. Pode ser secretário, vice-prefeito ou o papa. Se está aqui dentro e tem denúncia, tem que ser apurada – e com rigor", disse Kalil, à "Rádio Itatiaia". O chefe do Executivo belo-horizontino afirmou ter sido surpreendido com as queixas de ilicitudes.
Adalclever é ex-deputado estadual e presidiu a Assembleia Legislativa entre 2015 e janeiro de 2019. Na última eleição estadual, foi candidato a governador. À "Rede Globo", na última sexta (1), Alberto Lage disse que Adalclever tentou usar uma hipotética participação de Kalil na corrida ao governo para arrecadar recursos de empresários de ônibus em prol de sua tentativa de retornar ao Parlamento mineiro.
A outra denúncia de Lage, sobre a tentativa de pressionar o dono de uma agência de publicidade a fazer uma pesquisa eleitoral sobre a disputa ao governo de Minas Gerais, foi encaminhada à Controladoria-Geral do Município.
"O senhor secretário, autodeclarado coordenador de possível campanha do prefeito de Belo Horizonte ao cargo de governador de Minas Gerais, passou a impressão de que buscava constranger fornecedores do município a financiar ações políticas de seu interesse", argumenta o ex-chefe de gabinete de Kalil.
Em um áudio anexado à denúncia, Adalclever relata a Lage uma conversa com o dono de uma agência de publicidade. Na gravação, o secretário conta ter falado ao fornecedor que, se sua empresa não pudesse fazer a pesquisa, outra a faria. "Você vai ver como ele vai dar um jeito rapidinho", argumenta.
"Ao saber da ação e ao suspeitar da possibilidade de ilicitude, comuniquei à secretária da pasta de Assuntos Institucionais e Comunicação Social da tentativa e obtive a resposta que a secretaria não estava de acordo com tal constrangimento de fornecedor. Destaco também que não possuo elementos que me levem a crer que o fornecedor tenha aceitado tal constrangimento, conforme evidenciado pela animosidade do secretário contra o prestador de serviços", lê-se em trecho da denúncia feita por Lage.
Braço-direito do prefeito desde a campanha eleitoral de 2016, quando Kalil se elegeu pela primeira vez, Alberto Lage deixou a Prefeitura de Belo Horizonte no último mês de agosto.
Neste ano, antes de chefiar o gabinete, chegou a ocupar a secretaria adjunta da pasta de Governo, comandada por Adalclever. Ele, no entanto, pediu exoneração do posto em maio – retornando ao poder Executivo semanas depois, mas inserido na estrutura da equipe que responde diretamente a Kalil.
Apuração começa nesta terça (5), diz Kalil
O escrutínio em torno das denúncias de Alberto Lage começa nesta terça-feira (5), segundo o prefeito. Kalil afirmou ter conversado com Adalclever, que assegurou a inexistência de irregularidades."O que ele me disse, é o seguinte: 'Pode investigar a vontade'. Falei com ele: 'Vamos investigar, não tem relação nenhuma'. Aqui, ninguém passa a mão na cabeça de ninguém e ninguém condena ninguém prematuramente. Se fez malfeito, vai pagar. Não tem escapatória", sentenciou.
O ofício de Lage sobre o caso da pesquisa eleitoral é endereçado a Leonardo Ferraz, que chefia a controladoria-geral do município.
"Não se pode jogar nomes na lama e não se pode passar a mão na cabeça do malfeito. É uma decisão do prefeito de Belo Horizonte, que já foi comunicada a todas as partes. Vamos apurar. Começamos amanhã (o exame)", falou Kalil.
Procurado pelo Estado de Minas , Adalclever Lopes afirmou que pretende se posicionar sobre o tema após conversar com seus advogados