Uma eventual disputa entre o governador Romeu Zema (Novo) e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), pela chefia do poder Executivo de Minas Gerais, vai começar com ambos tendo que se esforçar para diminuir o tamanho do reduto eleitoral adversário. Pesquisa feita pelo Instituto Opus em parceria com o Estado de Minas mostra que, enquanto Kalil domina as intenções de voto na Região Metropolitana da capital, Zema tem a preferência dos que moram no interior. No cenário final, a vantagem do político do Novo sobre o pessedista é de 44% a 22%.
Em BH, cidade que governa há quase cinco anos, Kalil tem 51% das intenções de voto na corrida ao Palácio Tiradentes. Zema, por seu turno, soma 28%. O terceiro colocado na cidade, com 5%, é o senador Carlos Viana, por ora no mesmo partido do prefeito.
Quando a amostragem é estendida a todos os municípios da Região Metropolitana, a vantagem de Kalil diminui para seis pontos percentuais: 40% a 34%. Com 2% cada, Viana e os deputados federais André Janones (Avante) e Áurea Carolina (Psol) vêm na sequência.
Apesar dos triunfos nas redondezas belo-horizontinas, Kalil amarga sucessivos revezes nas mais diversas regiões mineiras. A maior desvantagem está no Triângulo, onde o governador tem 51%, contra apenas 2% do prefeito. Kalil chega a ficar atrás de Janones e Áurea, empatado com o deputado federal bolsonarista Marcelo Álvaro Antônio (PSL).
Domínio de Zema é tônica interior afora
Nas demais regiões, Zema tem a ponta, mas é seguido por Kalil. No Norte e Noroeste, o Novo dispõe de 55%; o PSD, de 17% das intenções de voto. Na área Central do estado e no Campo das Vertentes, o governador vence por 53% a 19%. Nos vales do Jequitinhonha e Mucuri, a distância é de 32 pontos porcentuais: 45% a 13%.
No Oeste mineiro, o iminente candidato à reeleição tem 49%, ante 19% do prefeito belo-horizontino. No Sul e Sudeste, a vitória de Zema é por 51% a 9% - lá, Kalil é seguido de perto por André Janones, que tem apenas 1% a menos.
No Vale do Rio Doce, Zema tem 36%, ante 16% de Kalil. A distância é ainda maior na Zona da Mata, onde o placar de momento aponta 52% a 9%.
Corrida em busca de apoio
Para Matheus Dias, diretor do Instituto Opus, Kalil precisará levar seu nome aos rincões de Minas para potencializar eventual candidatura.
"No interior, a vantagem do Zema é muito explícita. Talvez, o desafio maior seja de Kalil interiorizar seu nome e sua campanha que o de Zema conseguir entrar na Região Metropolitana. Ele já é a pessoa que ocupa o cargo de governador, já tem mídia e já é conhecido", diz.
Para aumentar seu leque de apoios no interior, o grupo político de Kalil reativou, em agosto, a Frente Mineira de Prefeitos (FMP) . Ele foi eleito o presidente da associação; o vice é Daniel Sucupira (PT), prefeito de Teófilo Otoni, no Mucuri.
Zema, por outro lado, conta com o impulso dado pelos recursos provenientes da indenização paga pela Vale em virtude da tragédia de Brumadinho , em 2019. Os R$ 37,68 bilhões acordados com a mineradora não se traduzam em obras e entregues até a eleição. De todo o montante, as 853 prefeituras vão dividir R$ 1,5 bilhão . A parcela serve para subsidiar melhorias regionalizadas.
O governador também conseguiu arregimentar o apoio do deputado federal Marcelo Aro (PP). Antigo integrante da base aliada a Kalil, o parlamentar passou a apoiar o governador e foi, inclusive, escolhido como líder do poder Executivo mineiro na Câmara Federal .
O cenário em Minas
Zema vence Kalil em todos os estratos socioeconômicos da população mineira utilizados pelo levantamento - gênero, escolaridade, faixa etária, religião e renda. No cenário estimulado, atrás dos 44% do governador e dos 22% do prefeito, está André Janones, com 4%. Em seguida, estão Áurea Carolina, Carlos Viana e Marcelo Álvaro Antônio, com 2%. No mesmo patamar, também figura o deputado federal Reginaldo Lopes, do PT. Brancos e nulos são 7%; o índice de entrevistados que não respondeu ao questionamento foi de 15%.
A pesquisa Opus/ EM entrevistou mil eleitores via ligação telefônica, espalhados por 273 cidades do estado. O levantamento foi feito entre 27 e 30 de setembro. A margem de erro é de 3,2%, e o intervalo de confiança é de 95%.