O depoente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID desta quinta-feira (7/10), Tadeu Frederico de Andrade, que ficou internado com COVID-19 em um hospital da Prevent Senior, contou aos senadores que depois de 30 dias da internação, os médicos da rede informaram para sua família que ele morreria em poucos dias, e com isso, ele seria cuidado na ala de cuidados paliativos.
De acordo com o depoente, essa foi a “desculpa” que os médicos deram para que ele fosse adicionado ao setor. Ele conta que o período de UTI durou cerca de 30 dias, quando a filha dele recebeu um telefonema.
“Esse período de UTI durou praticamente, mais ou menos, uns 30 dias, quando uma das minhas filhas recebeu um telefonema da doutora Daniella de Aguiar Moreira da Silva, informando, comunicando, que eu passaria a ter os cuidados paliativos, ou seja, eu sairia da UTI, iria para um chamado leito híbrido e lá teria, segundo as palavras da doutora Daniella, maior dignidade e conforto, e meu óbito ocorreria em poucos dias”, contou Tadeu.
Segundo Tadeu, com esse tratamento ele receberia morfina e todos os equipamentos que o mantinham vivo seriam desligados. Além disso, haveria uma recomendação para que, em caso de parada cardíaca, ele não fosse reanimado.
“Bom, e finalizando, minha família não concorda nessa reunião com o início dos cuidados paliativos, se insurge, ameaça ir à Justiça para buscar uma liminar para impedir que eu saia da UTI e ameaça procurar a mídia. Nesse momento, a Prevent recua e cancela o início do tratamento paliativo, ou seja, eu, em poucos dias, estaria... Eu estaria vindo a óbito e hoje eu estou aqui”, disse.
O dia da CPI
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID, instalada pelo Senado, aproxima-se do fim e, em primeiro momento, colhe nesta quinta-feira (7/10) os dois últimos depoimentos. Os dois depoentes estão ligados com o plano de saúde Prevent Senior.
Walter Correa de Souza Neto, um dos médicos da Prevent Senior que denunciou possíveis irregularidades - como tratamento do coronavírus com medicamentos com ineficácia comprovada -, e Tadeu Frederico de Andrade, cliente da Prevent Senior, depõem à CPI da COVID.
A CPI da COVID apura omissões do governo federal durante a pandemia e o repasse de verbas federais aos estados. A comissão foi instalada em abril deste ano e será finalizada em até duas semanas.
O que é uma CPI?
As comissões parlamentares de inquérito (CPIs) são instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relevância ligado à vida econômica, social ou legal do país, de um estado ou de um município. Embora tenham poderes de Justiça e uma série de prerrogativas, comitês do tipo não podem estabelecer condenações a pessoas.
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O que a CPI da COVID investiga?
Instalada pelo Senado Federal em 27 de abril de 2021, após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), a CPI da COVID trabalha para apurar possíveis falhas e omissões na atuação do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus. O repasse de recursos a estados e municípios também foi incluído na CPI e está na mira dos parlamentares.