Investigada pela Assembleia Legislativa (ALMG) em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) contratou, por R$ 420 mil, uma empresa de comunicação corporativa e gestão de crise. O acordo com a Giusti, sediada em São Paulo (SP), despertou dúvidas em deputados que compõem o comitê de investigação.
Agora, há quem queira entender se a estatal firmou o acordo para preparar os funcionários que têm dado depoimentos aos parlamentares para tratar de possíveis irregularidades na gestão da companhia.
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"Esse acordo trouxe a suspeita dos deputados de que houve a contratação de uma empresa de media training para preparar os depoentes que estão indo à CPI", diz ele.
Durante as sessões, Cleiton tem questionado alguns depoentes sobre o contato com profissionais que dão treinamentos para entrevistas e outros tipos de falas em público.
Em agosto, ainda antes do trato com a Giusti e quando a CPI dava os primeiros passos, Rômulo Provetti, gerente de Provimento e Desenvolvimento Pessoal da Cemig, foi perguntado sobre a hipotética utilização de media training. "Não posso falar isso", respondeu ele.
Procurada pela reportagem, a Cemig negou que a Giusti tenha sido contratada para preparar os depoentes. Segundo a empresa, a empresa atua no "assessoramento de gestão de imagem". Além da CPI, investigações do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) sobre ilicitudes no setor de compras e suprimentos da empresa motivaram o acordo. A crise hídrica vivida pelo país também influenciou na contratação.
A Giusti também refutou a hipótese de fornecer serviços de media training.
Leia os posicionamentos das empresas ao fim deste texto.
Entenda a CPI
Desde o início do governo de Romeu Zema (Novo), a Cemig está no centro da apuração dos deputados. Eles buscam entender uma série de questões, como a assinatura de contratos sem licitação e a venda de subsidiárias da empresa. Uma suposta interferência do partido de Zema na Cemig também é investigada pelos parlamentares.
A CPI está prevista para terminar em novembro mas, conforme apurou o EM, deputados pensam em estendê-la até o fim do ano. Para isso, a maioria simples dos 77 parlamentares estaduais precisa estar de acordo. A avaliação é que a comissão ainda trabalha em questões ligadas à fase inicial das atividades, examinando contratos firmados sem concorrência.
Depois, vai ser discutida a contratação de empreiteiras terceirizadas. A já citada venda das subsidiárias compõe a terceira etapa.
O que diz a Cemig sobre a contratação da Giusti:
A Cemig contratou a Giusti Comunicação para o assessoramento de gestão de imagem em função da crise hídrica e das investigações no Ministério Público de Minas Gerais e na Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
O processo de comunicação e a prevenção e gestão de crises têm como objetivo preservar a reputação dos negócios da Cemig e exigem um acompanhamento permanente, a sugestão de ações e a elaboração de um Plano de Comunicação para preservar a imagem da companhia.
O escopo do contrato prevê apenas a "prestação de serviços de assessoria especializada em comunicação corporativa e prevenção/gestão de crise", referindo-se a eventuais riscos de crise de imagem gerada pelos episódios citados. No escopo do contrato não está incluso media training.
O que diz a Giusti sobre os serviços feitos à Cemig:
A Giusti Comunicação foi contratada pela Cemig Distribuição S/A para o acompanhamento da gestão da crise energética, de crises de imagem e a elaboração de um Plano de Comunicação para seus enfrentamentos.
No escopo do contrato não há qualquer previsão de trabalho de media training, somente a prestação de "serviços de assessoria especializada em comunicação corporativa e prevenção/gestão de crise".