Jornal Estado de Minas

INQUÉRITO

Transferência de delegado que investigava Cemig entra na mira de CPI

A transferência do delegado da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), Gabriel Ciríaco da Fonseca, que chefiava investigação sobre possíveis irregularidades na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), intriga deputados estaduais. Ciríaco dava expediente na Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor). No início deste ano, porém, ele passou a trabalhar em uma delegacia comum em Venda Nova, em Belo Horizonte.



A Cemig é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa. Nesta quarta-feira (13/10), os componentes do comitê vão tomar o depoimento de Ciríaco. O interrogatório será secreto, e somente parlamentares e servidores do Legislativo autorizados terão acesso à sala.

O inquérito de Ciríaco trata de pontos que também estão na mira da CPI, como a venda da participação da companhia de luz na Renova, empresa de energias renováveis. Os valores da transação são considerados baixos por alguns deputados, o que levantou suspeitas. Os parlamentares têm ouvido diversos servidores e executivos da Cemig. Parte deles já havia prestado depoimento ao delegado. Segundo apurou o Estado de Minas, o ex-presidente da companhia, Cledorvino Belini, também chegou a ser chamado pela Polícia Civil.

A ideia, agora, é entender se a transferência do delegado Ciríaco foi fruto de pressões de figuras ligadas ao poder público. Segundo a PC, a mudança ocorreu a pedido do profissional "em razão da reorganização administrativa do departamento onde ele atuava". Procurada pela reportagem, a Cemig afirmou que, por ora, não vai se manifestar sobre as investigações.



CPI pede informações à Polícia, mas fracassa


Os deputados estaduais que examinam a gestão da estatal enviaram requerimento à Polícia Civil solicitando cópias de documentos que compunham a investigação conduzida pelo delegado. A resposta, porém, apontou que os materiais já haviam sido remetidos à Justiça.

O depoimento de Ciríaco pode servir, então, para que os integrantes da CPI coletem informações que, até este momento, não chegaram à Assembleia. Um dos pontos que mais chama a atenção dos parlamentares diz respeito à assinatura de uma série de contratos dispensados de licitação.

Os acordos sem concorrência também eram investigados pela Delegacia de Combate à Corrupção. Em setembro, o EM mostrou que a Cemig desembolsou mais de R$ 1 milhão para contratar empresas que recrutam executivos no mercado. Um dos acordos culminou na posse de Reynaldo Passanezi, atual presidente.

A lista de contratos investigados pela CPI tem, no topo, o acordo com a IBM, multinacional de tecnologia. A Cemig fechou trato de R$ 1,1 bilhão para serviços como o controle do call center que presta suporte aos consumidores. O pacto, porém, foi oficializado pouco tempo após a estatal romper acordo com a Audac, que havia vencido concorrência para controlar o atendimento telefônico.



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