Jornal Estado de Minas

APURAÇÃO

Relator pede arquivamento de denúncia contra Adalclever na Prefeitura de BH

O advogado Marcelo Leonardo, que compõe o Comitê de Ética Pública da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), pediu o arquivamento de denúncia contra Adalclever Lopes, secretário de Governo do Executivo municipal. Alberto Lage, ex-chefe de gabinete de Alexandre Kalil (PSD), suspeita que Adalclever tenha pressionado um publicitário a bancar pesquisa eleitoral. O voto de Leonardo será apreciado pelos demais integrantes do conselho. O relator do caso propõe que a investigação seja encerrada sem punições a Adalclever.



O texto de Leonardo foi divulgado pela prefeitura nesta quarta-feira (13/10). No texto, o conselheiro aponta embasar sua opinião nas provas colhidas e, também, "diante da fragilidade da denúncia exposta". Lage, que deixou a prefeitura no fim de agosto, apresentou áudios e conversas sobre o tema.

Segundo Marcelo Leonardo, os materiais não comprovam que Adalclever "tenha, concretamente, feito qualquer pedido com constrangimento para a realização de pesquisa eleitoral ao publicitário Cacá Moreno". O texto foi entregue ao conselho na última sexta (8/9). Cacá Moreno, citado no relatório de Leonardo, é o publicitário e fornecedor da prefeitura mencionado por Lage. Nos depoimentos ao comitê de ética, ele e Adalclever negaram a existência de pressões para a contratação de levantamento eleitoral.

Na gravação anexada à denúncia, Adalclever relata a Lage uma conversa com o dono de uma agência de publicidade. Nela, o secretário conta ter falado ao fornecedor que, se a empresa dele não pudesse fazer a pesquisa, outra a faria.



"O senhor secretário, autodeclarado coordenador de possível campanha do prefeito de Belo Horizonte ao cargo de governador de Minas Gerais, passou a impressão de que buscava constranger fornecedores do município a financiar ações políticas de seu interesse", argumenta o ex-chefe de gabinete de Kalil, ao submeter o caso à Controladoria-Geral do Município (CGM), que repassou a história ao comitê de ética.

A gravação entregue pelo denunciante é citada por Leonardo: "No áudio, Adalclever fala para Alberto se dirigir a Cacá, mas Alberto Lage negou ter feito qualquer pedido dessa natureza ao publicitário".

Alberto Lage e Adalclever Lopes: quem são?


Braço-direito do prefeito desde a campanha eleitoral de 2016, quando Kalil se elegeu pela primeira vez, Alberto Lage deixou a Prefeitura de Belo Horizonte no mês de agosto. Neste ano, antes de chefiar o gabinete, chegou a ocupar a secretaria adjunta da pasta de Governo, comandada por Adalclever. Ele, no entanto, pediu exoneração do posto em maio - retornando ao poder Executivo semanas depois, mas inserido na estrutura da equipe que responde diretamente a Kalil.



Filiado ao MDB, Adalclever é ex-deputado estadual e presidiu a Assembleia Legislativa entre 2015 e janeiro de 2019. Na última eleição estadual, foi candidato a governador. Em outra passagem pela gestão Kalil, o emedebista atuou como consultor de Relações Institucionais.

Na semana passada, o secretário prometeu se manifestar após a conclusão da apuração.

Secretário nega irregularidades


Ainda nesta quarta, Adalclever compareceu à Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) para prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da BHTrans. Ele negou a existência de caixa dois junto a empresas de ônibus para financiar eventual campanha a deputado estadual. A suspeita foi levantada por Alberto Lage em entrevista à "Rede Globo".

Aos vereadores, Adalclever também refutou ter tentado interferir nos rumos da comissão de inquérito.

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