O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta segunda-feira (18/10) que o governo deverá resolver nesta semana detalhes sobre a extensão do auxílio emergencial e também de medidas referentes ao preço do diesel no país. "As soluções não são fáceis, mas temos a obrigação de mostrar a origem do problema e como resolvê-lo", completou, em visita a São Roque de Minas (no Centro-Oeste do estado), onde presidiu a solenidade de lançamento do Programa Jornada pelas Águas, que visa garantir o acesso à água no semiárido brasileiro, compreendendo o Norte de Minas, o Vale do Jequitinhonha e os estados nordestinos.
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Bolsonaro informou que reuniu-se no sábado (16/10) com os ministros Paulo Guedes (Economia), João Roma (Cidadania) e Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) e com o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, para tratar do assunto. Embora tenha dito que "está batido o martelo" em torno de um "valor para dar dignidade aos necessitados", ele acabou não revelando quanto será pago na extensão da ajuda governamental.
O benefício pago durante a pandemia encerra-se neste mês, no valor médio de R$ 250, sendo exceções mulheres chefes de família (R$ 375) e pessoas que moram sozinhas (R$ 150). "O ideal seria que não tivesse nada e que todo mundo tivesse o seu ganha-pão, que todo mundo estivesse trabalhando. Mas as consequências da pandemia agravaram essa questão. E não somos insensíveis aos mais necessitados", afirmou.
O governo também tem discutido medidas para a criação do Auxílio Brasil, o novo programa de assistência social reforçado, que substituirá o Bolsa Família. A adoção do Auxílio Brasil esbarra, no momento, na fonte de financiamento do programa. O governo busca aprovar no Congresso mudanças legais como uma nova forma de pagamento dos precatórios e a reforma do Imposto de Renda com o objetivo de abrir espaço fiscal para custear o novo benefício.
Desmobiliar movimento de greve
A informação dada pelo presidente Jair Bolsonaro sobre as ações para tentar reduzir o preço do diesel é uma tentativa de desmobilizar movimentos dos caminhoneiros em torno de uma greve por causa da alta no preço do combustível.
Três entidades nacionais de trabalhadores vinculados ao setor de transporte de cargas anunciaram que decidiram decretar estado de greve e que vão iniciar greve nacional a partir de 1º de novembro se o governo federal não atender reivindicações que remontam à paralisação dos caminhoneiros em 2018.
A decisão foi tomada durante encontro no Rio de Janeiro, que reuniu as entidades da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), vinculadas à CUT; Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), segundo comunicado enviado à imprensa na noite de sábado (17/10).
Uma das principais queixas dos motoristas é justamente o custo do combustível, reajustado seguidas vezes nos últimos meses pela Petrobras. O preço médio do diesel no país acumula alta de mais de 50% neste ano.
No final de setembro, a Petrobras anunciou aumento de 9% no preço médio do diesel vendido em suas refinarias, após 85 dias de estabilidade. Com o movimento, os preços médios de diesel e gasolina da Petrobras acumulam alta de mais de 50% neste ano.
Ainda em São Roque de Minas, o presidente salientou que outros países, em função das consequências da pandemia, além da queda do Produto Interno Bruto (PIB) enfrentam até o desabastecimento de alimentos. Ele reconheceu que o Brasil também encara dificuldades por causa da crise sanitária. "Temos sim aumento de preços", disse. Por outro lado, Bolsonaro assegurou que o governo adota medidas para a redução de preços e que "brevemente" a inflação começará a cair no país.
Críticas ao "Fique em casa" e questionamento de vacinas
No pronunciamento durante a cerimônia em São Roque de Minas, o presidente Jair Bolsonaro, mais uma vez criticou o "Fique em casa", medida adotada por governadores e prefeitos contra a transmissão do coronavirus, especialmente, nos períodos de pico da pandemia. Também voltou a questionar a eficácia das vacinas contra a COVID-19, ressaltando a liberdade das pessoas de se imunizarem ou não.
"A política do 'fique em casa, a economia a gente vê depois', eu nunca apoiei. Eu tinha o poder para fechar o Brasil todo com decreto, mas não fechei um botequim sequer. Eu tinha poder, por decreto, de realizar um lockdown nacional e não fiz. E nem farei isso", assegurou o presidente.
Durante o evento na cidade do Centro-Oeste mineiro, Bolsonaro não usou máscara, assim com os quatro ministros que o acompanhavam: Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Joaquim Alves Leite (Meio Ambiente), João Roma (Cidadania) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência). A proteção era usada por apenas duas pessoas que estavam no palanque oficial, entre deputados federais, ocupantes de cargos no governo e lideranças regionais.
Ao questionar a eficácia de vacinas contra o coronavirus, Bolsonaro chegou a citar a morte do ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, Colin Powell, que estava vacinado e morre nesta segunda por complicações da COVID-19.
Ele voltou a citar que algumas das vacinas contra a COVID-19 são experimentais. As vacinas disponíveis à população brasileira, no entanto, foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após a realização de testes, como seguras e eficazes.
Apesar da fala, o presidente rebateu que seja negacionista em relação À COVID-19. "Não adianta querer chamar o governo de negacionista. Nós gastamos mais de R$ 20 bilhões com (a compra de) vacinas, vacinas ainda experimentais. E a liberdade de tomar (a vacina) é de vocês", comentou o presidente.
Ele ainda se defendeu de acusações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado sobre a COVID-19. "No relatório da CPI, uma das acusações é que eu retardei a compra de vacinas. Exigi do meu ministro (da Saúde) (daquele) do momento (para) só comprar (a vacina) depois de sua certificação pela Anvisa e para pagar somente depois de receber. E assim foi feito", declarou Bolsonaro.