Aliados do presidente Jair Bolsonaro lançaram mão de uma estratégia para apresentar relatórios paralelos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid e livrar o chefe do Planalto de ser responsabilizado por qualquer ação ou omissão na pandemia do novo coronavírus.
Os senadores Marcos Rogério (DEM-RR) e Eduardo Girão (Pode-CE) estão entre os parlamentares próximos ao Planalto que formularam relatórios separados. Junto com os senadores Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e Jorginho Mello (PL-SC), os quatro integrantes da tropa de choque do Planalto devem votar contra o parecer do senador Renan Calheiros (MDB-AL).
No relatório de Marcos Rogério, o senador governista afirma que a CPI não levantou nenhuma prova contra Bolsonaro e integrantes do governo. No caso das denúncias sobre supostos crimes de corrupção na compra de vacinas, o parlamentar afirma que não "não foi possível comprovar, nem pelos depoimentos e nem pelos documentos recebidos pela CPI, o cometimento de ilícitos e de corrupção na aquisição de vacinas por parte do governo federal".
Marcos Rogério também tentou blindar o Executivo das acusações envolvendo as apostas na imunidade de rebanho, no tratamento precoce o gabinete paralelo. "Considero, contudo, que as ações do Ministério da Saúde, assim como dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, foram feitas no afã de enfrentar a pandemia e salvar o maior número possível de vidas de brasileiros", escreveu o senador.
O senador, aliado de Bolsonaro, propõe rejeitar o relatório de Renan Calheiros, encaminhar informações a órgãos de controle para a investigação de Estados e municípios e enviar sugestões ao governo federal para incrementar as medidas de combate à pandemia, sem apontar crimes. Marcos Rogério colocou na capa do parecer uma imagem da bandeira nacional com a frase "vai vendo, Brasil", expressão usada por ele em vários momentos na CPI.
"Como visto, ao longo da CPI, restou claro que se pretendia confirmar uma narrativa política que busca atribuir ao Presidente da República a total responsabilidade desse grave problema de saúde pública, sem, em nenhum momento, considerar a atuação dos Governadores de Estado e do Distrito Federal e dos Prefeitos, no enfrentamento da pandemia", diz o parecer paralelo de Rogério.
O senador Eduardo Girão também preparou um relatório paralelo, que ainda não foi protocolado. Ele foi autor de um requerimento que incluiu no escopo da CPI a investigação das transferências de recursos federais a Estados e municípios em função da pandemia de covid-19. Para ele, no entanto, a CPI "fugiu" dessa parte por ligações com governadores do Norte e do Nordeste. "A CPI perdeu a mão usando o ódio como instrumento de vingança pessoal com propósitos politiqueiros", disse.
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