Após o Facebook e o Instagram decidirem excluir de suas plataformas a última transmissão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em que ele fazia uma falsa relação entre vacinas contra COVID-19 e desenvolvimento de HIV, o vírus da aids (síndrome de imunodeficiência adquirida), o mandatário brasileiro justificou que a relação, falsa, foi feita com base em uma notícia da revista Exame, jogando a culpa da sua fala na imprensa, uma "fábrica de fake news", como classificou. Contudo, o presidente não retificou suas declarações.
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Damares teria usado avião da FAB para dar carona a 7 parentes de MichelleCPI: senadores avaliam ampliar lista de investigados Zema anuncia congelamento de ICMS do óleo dieselBolsonaro condecora cientistas que se opõem às suas ideias, mas volta atrásLira diz que Bolsonaro deve 'pagar' por falas sem 'nenhuma base científica'A reportagem a que Bolsonaro se refere foi publicada em outubro de 2020 com o título "Algumas vacinas contra a COVID-19 podem aumentar o risco de HIV?". A matéria afirma que pesquisadores estavam preocupados que algumas vacinas que usam um adenovírus específico no combate ao vírus SARS-CoV-2 podem aumentar o risco de que pacientes sejam infectados com HIV. No entanto, o revista diz que, até aquele momento, "não se comprovou que alguma vacina contra a COVID-19 reduza a imunidade a ponto de facilitar a infecção em caso de exposição ao vírus."
Como mostrou o Estadão/Broadcast, o Facebook decidiu excluir de sua plataforma a transmissão ao vivo realizada pelo presidente. Controlado pelo Facebook, o Instagram também removeu o conteúdo. Já o YouTube mantém a "live" disponível até o momento. Em nota encaminhada à reportagem, o Facebook cita as políticas internas da plataforma após decidir pela exclusão da "live". "Nossas políticas não permitem alegações de que as vacinas de covid-19 matam ou podem causar danos graves às pessoas", afirma a empresa.
A aids é causada pelo vírus HIV. A Organização Mundial da Saúde (OMS), inclusive, recomenda a vacinação de pessoas com o vírus.
A fala de Bolsonaro foi desmentida por especialistas ao longo do final de semana. "Não existe NENHUMA possibilidade de vacina causar AIDS. ZERO. Qualquer que seja a vacina. É isso que precisa ser divulgado de forma clara e direta", esclareceu o médico sanitarista Daniel Dourado.