O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR), nesta segunda-feira (25/10), um pedido de investigação sobre a live realizada pelo presidente Jair Bolsonaro, em que o presidente diz que as vacinas contra a COVID-19 aumentam o risco de contrair Aids.
A PGR avaliará se existem elementos para pedir a abertura de um inquérito para apurar o caso. Além disso, os parlamentares do STF afirmaram que o fato do Presidente da República disseminar informações falsas sobre a vacinação é um “desrespeito” às famílias que perderam parentes pelo vírus.
"O presidente da República mentir sobre a vacinação —utilizando um site de notícias falsas — além de um ato criminoso, é um absoluto desrespeito para com o país e com as famílias enlutadas", escreveram os parlamentares.
Live
Realizada na última quinta-feira (21/10), a live de Jair Bolsonaro contou com citações inexistentes, como “relatórios oficiais” do Reino Unido, que afirmariam que pessoas vacinadas teriam mais chances de desenvolver a doença causada pelo vírus HIV. O Facebook e o Instagram removeram o vídeo do ar no último domingo (24/10).
"Só vou dar notícia, não vou comentar. Já falei sobre isso no passado, apanhei muito [...] Vamos lá: relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados... Quem são os totalmente vacinados? Aqueles que depois da segunda dose, né? Quinze dias depois, 15 dias após a segunda dose, totalmente vacinados... Estão desenvolvendo Síndrome da Imunodeficiência Adquirida [Aids] muito mais rápido do que o previsto. Portanto, leiam a matéria, não vou ler aqui porque posso ter problema com a minha live ", afirmou Bolsonaro durante a transmissão.
Reino Unido nega existência de relatórios
Segundo o Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido, as afirmações do presidente brasileiro são falsas e de sites que propagam teorias da conspiração e fake news . "As vacinas contra a COVID-19 não causam Aids. A Aids é causada pelo HIV", acrescentou a Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido.
A Sociedade Brasileira de Imunologia afirmou repudiar a afirmação falsa reproduzida por Bolsonaro. "A SBI, entidade que congrega os principais imunologistas brasileiros e afiliada à International Union of Immunological Societies, baseada em evidências científicas, esclarece que nenhuma vacina desenvolvida contra a COVID-19 pode causar Aids e que também nenhuma vacina tem o potencial de transmitir o vírus do HIV", informa.
Em nota, a Sociedade Brasileira de Infectologia informou que "não se conhece nenhuma relação entre qualquer vacina contra a COVID-19 e o desenvolvimento de síndrome da imunodeficiência adquirida".
*Estagiária sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira
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