Jornal Estado de Minas

CPI DA COVID

'Funeral blues': conheça o poema que Contarato declamou na CPI do Senado

Em sua fala na votação do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) declamou o famoso poema ‘Funeral Blues’, do poeta e crítico inglês Wystan Hugh Auden, em homenagem às vítimas da COVID-19 no Brasil. O poema foi escrito em 1936 e usualmente é lembrado como expressão de luto, individual ou coletivo. 





“Em memória a todas essas famílias e vítimas nós precisamos dar uma resposta”, afirma o senador antes de ler o poema na sessão desta terça-feira (26/10), em Brasília. 

O poema ganhou popularidade internacional nos anos 1990, no filme ''Quatro casamentos e um funeral'', numa cena em que o personagem Matthew, interpretado pelo ator John Hannah, homenageia seu companheiro morto.

Desde então, o poema tem sido citado como exemplo de manifestação pública de perda e luto. Está lapidado no memorial do novo estádio de futebol Heysel, em Bruxelas, onde 39 torcedores morreram durante confronto na final da Copa dos Campeões da Europa, entre Liverpool e Juventus, em 1985. 'Funeral Blues' foi musicado pelo maestro e pianista britânico Benjamin Britten.

Nascido em 1907, em York, no Reino Unido, W. H. Auden foi a grande voz dos jovens intelectuais de esquerda dos anos 30. Segundo estudiosos, sua poesia é sempre perturbadora, seja quando aborda temas sociais e políticos, seja quando fala de assuntos espirituais e de impulsos homossexuais reprimidos. O poeta morreu aos 66 anos, em Viena, na Áustria. 




'História será implacável' 


O senador Fabiano Contarato usou seu tempo na comissão, ainda, para criticar as ações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao longo dos dezenove meses de pandemia. “A história será implacável quando analisar a personalidade do presidente da República”, enfatiza. 
 
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“Hoje eu nao tenho duvida, esse presidente tem uma personalidade completamente voltada para o crime”, completa Contarato. Segundo o parlamentar, não fosse a CPI da COVID-19, o líder do Executivo federal estaria até hoje negando vacinas. “Nós teríamos um número muito maior de mortos”, lamenta. 

Leia o poema completo, traduzido para o português: 

 
Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Evitem o latido do cão com um osso suculento,
Silenciem os pianos e com tambores lentos
Tragam o caixão, deixem que o luto chore.





Deixem que os aviões voem em círculos altos
Riscando no céu a mensagem: Ele Está Morto,
Ponham gravatas beges no pescoço dos pombos brancos do chão,
Deixem que os polícias de trânsito usem luvas pretas de algodão.

Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Leste e Oeste,
A minha semana útil e o meu domingo inerte,
O meu meio-dia, a minha meia-noite, a minha canção, a minha fala,
Achei que o amor fosse para sempre: Eu estava errado.

As estrelas não são necessárias: retirem cada uma delas;
Empacotem a lua e façam o sol desmanchar;
Esvaziem o oceano e varram as florestas;
Pois nada no momento pode algum bem causar. 
 
- W. H. Auden, in 'Another Time'
 

Veja o vídeo da fala do senador: 

 
 
*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz





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