Jornal Estado de Minas

VIRALIZOU

Vereador mineiro desmaia ao se exaltar quando se defendia de fake news

Autor do projeto que permite o nome social por transgêneros, travestis e transexuais em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, o vereador Diego Espino (PSL) viralizou nas redes sociais nesta quinta-feira (28/10). Ele passou mal e desfaleceu, durante a reunião da Câmara, ao rebater internautas que o acusaram de querer implantar ideologia de gênero no município.





“Canalhas” e “meia dúzia de hipócritas” foram algumas das expressões usadas pelo parlamentar (veja o discurso completo abaixo) ao se referir aos internautas que espalharam a postagem falsa. Os quase 10 minutos do pronunciamento acalorado e a queda na tribuna foram transmitidos ao vivo e não demorou a se espalhar pela internet.

Aos gritos e dando tapas da tribuna, ele tentou explicar a proposta que, segundo ele, trata-se de “identidade de gênero”.

“Alguém que se veste como mulher, que nasceu com o sexo masculino e que se sente uma mulher, e tem esse direito, também tem o direito de ter o nome feminino se assim achar. Quem sou eu para falar se isso é certo ou errado?”, esbravejou.




 
O vereador Diego Espino mostrou durante o pronunciamento o post que foi espalhado nas redes sociais (foto: Reprodução/TV Câmara)
 

Já exaltado, disparou: “Canalhas. Vem me ofender, bota a cara (...) Vocês não vão f** comigo não, meia dúzia de hipócrita”.

Filiado ao partido conservador, o vereador que votou a favor da proibição do uso da linguagem neutra das escolas de Divinópolis, disse estar “ao lado dessas pessoas”.

“Pessoas que sofrem desde meninos. Que estão lutando para conquistar um pedaço da sociedade. Muitas querem se candidatar e não tem como, porque sofrem preconceito”, declarou.


Contra ideologia de gênero


Ao mesmo tempo, Espino se disse contra a ideologia de gênero se referindo ao uso compartilhado de banheiro por homens e mulheres, e à inclusão do tema em materiais pedagógicos.





“Nunca fui a favor de ideologia de gênero. Nunca fui e nunca vou ser (...) Sou contra material didático na escola, usar banheiro, sou contra um monte de coisa neste tipo. Sexualizar crianças, conteúdo pedagógico, sou contra”, se posicionou.
 
 


Pra briga


Sem citar nomes, chamou o responsável por produzir o material para briga e sugeriu que ele se candidatasse novamente, dando a entender que já ocupou um cargo público antes.

“Sou do PSL, rapaz. Não são vocês que vão me taxar não (...) Na rua peita eu. Peita sô. Quero ver se vocês são machos. Cambada de vagabundo, sem vergonha”, atacou.
 
 

Logo depois, Espino caiu para trás, como se tivesse desmaiado. Ele foi socorrido imediatamente pelo vereador Zé Braz (PV), que é enfermeiro. A reunião foi suspensa temporariamente.





A assessoria de comunicação da Câmara disse que a pressão do vereador subiu um pouco e que ele passa bem. Não foi necessária a internação hospitalar.  

Veja o discurso completo:
 
 


O projeto


O projeto foi protocolado na segunda-feira (25/10). Ele prevê que os órgãos e as entidades da administração pública municipal direta, autárquica e fundacional, em seus atos e procedimentos, deverão adotar o nome social da pessoa travesti, transexual ou transgênero. Para isso, ela terá que requerer.

A proposta ainda estabelece que “os registros dos sistemas de informação, de cadastros, de programas, de serviços, de fichas, de formulários, crachás, identidade funcional, deverão conter o campo 'nome social' em destaque, acompanhado do nome civil, que será utilizado apenas para fins administrativos internos".

A pessoa poderá requerer, a qualquer tempo, a inclusão do nome social em documentos oficiais e nos registros dos sistemas de informação, de cadastros, de programas, de serviços, de fichas, de formulários, de prontuários e congêneres.

*Amanda Quintiliano especial para o EM

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