Escondidos por trás das cortinas do Senado, os assessores parlamentares foram peças indispensáveis para que os senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID fizessem questionamentos, análise de documentos e adicionassem novas contribuições e informações para o relatório final do senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Foram eles, longe das câmeras, que contribuíram para que a CPI mais assistida da história do país chegasse ao seu fim, na terça-feira passada, desvendando indícios de vários crimes de agentes públicos e empresários.
Foram eles, longe das câmeras, que contribuíram para que a CPI mais assistida da história do país chegasse ao seu fim, na terça-feira passada, desvendando indícios de vários crimes de agentes públicos e empresários.
A CPI colheu mais de 50 depoimentos, entre convocados e convidados, além das mais de 60 reuniões realizadas, marcadas por intensos embates. Foram 9,4 terabytes de documentos digitais, 2.800 impressos e 2.665 ofícios. E ainda foram analisados 1.585 requerimentos (1.166 foram aprovados), 197 convocações, 41 convites, 522 pedidos de informação e 251 quebras de sigilo.
No fim dos trabalhos, propôs o indiciamento de 78 pessoas, incluindo o presidente Jair Bolsonaro, com acusações também contra as empresas Precisa Medicamentos e VTCLog, todos acusados de cometerem em crimes durante a pandemia.
No fim dos trabalhos, propôs o indiciamento de 78 pessoas, incluindo o presidente Jair Bolsonaro, com acusações também contra as empresas Precisa Medicamentos e VTCLog, todos acusados de cometerem em crimes durante a pandemia.
O Estado de Minas conversou com dois senadores e um assessor parlamentar para entender o trabalho dos auxiliares, que ficaram horas sem dormir, analisaram documentos e foram, muitas vezes, os responsáveis pela descoberta dos escândalos que tomaram as manchetes dos últimos meses no Brasil.
A CPI, formada por 11 senadores titulares e sete suplentes, teve em média 40 assessores por senador em cada gabinete. O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), contou com 46 pessoas, entre assessores, auxiliares e assistentes parlamentares, sendo efetivos efetivos, 24 comissionados e 16 funcionários de escritório de apoio.
Márcio Noronha, de 42 anos, é jornalista há anos e não saiu do lado de Aziz durante a CPI. Ele foi contratado como assessor parlamentar 15 dias antes da CPI e, além de trabalhar com a comunicação do senador, também fez análise de documentos. Nascido em Manaus (AM), ele viu de perto o horror da morte de inúmeros pacientes de COVID-19 causada pela falta de oxigênio nos hospitais, entre elas, seu cunhado.
“A CPI é muito importante para a minha carreira, mas principalmente para o Brasil. A gente tenta de alguma forma colaborar com a busca pela verdade, pela justiça, e eu consigo enxergar isso com esse trabalho. Sou de Manaus, e vi o que passamos no início do ano, sei o quanto é difícil. Minha mãe teve COVID severa e perdi meu cunhado. A gente vê como o povo da minha cidade, do meu estado, do meu país está sofrendo com essa doença. A negligência, principalmente com as pessoas de menor poder aquisitivo e que não poderiam buscar tratamento mais adequado, foi muito grande. É uma forma de a gente buscar a verdade e justiça”, disse ele ao EM.
Márcio conta que apesar de conhecer Aziz há cerca de 20 anos, desde que o senador foi prefeito da capital amazonense, ele via os políticos sem enxergar o lado humano.
Segundo ele, Aziz ficou triste e deprimido com os ataques que recebeu durante os últimos seis meses. “A gente teve que trabalhar, de certa forma tecnicamente, e mostrar para ele que a maioria dos ataques vinham de forma coordenada e de perfis robóticos. É um número assustador de ataques que uma fala dele pode gerar”, explica.
Segundo ele, Aziz ficou triste e deprimido com os ataques que recebeu durante os últimos seis meses. “A gente teve que trabalhar, de certa forma tecnicamente, e mostrar para ele que a maioria dos ataques vinham de forma coordenada e de perfis robóticos. É um número assustador de ataques que uma fala dele pode gerar”, explica.
O jornalista conta também que a rotina durante a CPI não foi fácil. Em Brasília de segunda a sexta, ele acordava cedo quase todos os dias, ficava sem dormir à noite para analisar documentos e encarar a pressão do Senado.
“A CPI mudava todo dia, então a gente tinha que acordar muito cedo para ler as novas notícias e na sessão subsidiar os senadores”, revela. Márcio também explica que o trabalho de cada assessor era diferente, já que cada senador tem um ponto de vista.
“Durante o dia, a gente acompanhava os depoimentos, fazia checagem de informação para ver se era real ou não. No final da tarde e à noite, a gente ficava analisando documentos que foram apresentados para a CPI de quebra de sigilo, documentos que foram solicitados, etc.”, contou ele ao EM, antes do encerramento dos trabalhos da CPI.
“A CPI mudava todo dia, então a gente tinha que acordar muito cedo para ler as novas notícias e na sessão subsidiar os senadores”, revela. Márcio também explica que o trabalho de cada assessor era diferente, já que cada senador tem um ponto de vista.
“Durante o dia, a gente acompanhava os depoimentos, fazia checagem de informação para ver se era real ou não. No final da tarde e à noite, a gente ficava analisando documentos que foram apresentados para a CPI de quebra de sigilo, documentos que foram solicitados, etc.”, contou ele ao EM, antes do encerramento dos trabalhos da CPI.
“ALTA QUALIDADE”
Suplente da CPI, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) chamou a atenção dos telespectadores por seus posicionamentos jurídicos e análises. Ele foi delegado da Polícia Civil e atualmente faz parte dos movimentos RenovaBR e Acredito, além de dividir "gabinete compartilhado" com os deputados federais Felipe Rigoni (PSB-ES) e Tabata Amaral (PSB-SP). Na CPI, contou com a ajuda de 32 pessoas: 17 comissionados e 15 comissionados do escritório de apoio, formados por chefe de gabinete, assistente, auxiliar e assessores parlamentares.
De acordo com o senador, todo parlamentar precisa entender dos assuntos, mas é impossível saber “sobre tudo”, e por isso precisou de assessoria. “Uma equipe técnica de alta qualidade ajuda a encontrar soluções para os problemas que chegam para o parlamentar. Na CPI, isso foi muito importante. Esse assessoramento aconteceu a todo instante. Os assessores trabalharam em documentos, formularam perguntas, receberam contribuições das pessoas da sociedade e executaram missões dos parlamentares para seguir trabalhos específicos”, informa.
Vieira conta que o trabalho para analisar documentos foi feito em conjunto, muitas vezes por reuniões on-line. Segundo ele, alguns assessores também conseguiram levar novas informações durante a CPI, o que auxiliava o trabalho dos senadores. “Sem a equipe de apoio ninguém faz nada, seja senador, deputado ou qualquer profissão. O resultado, meu resultado em particular, é fruto de uma boa equipe”, diz.
O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) manteve durante os últimos seis meses posição de independência. Ele conta que a assessoria foi peça essencial para que pudesse continuar os trabalhos na comissão. Sob seu comando, o senador teve 15 pessoas: um efetivo, 10 comissionados e quatro pessoas em seu escritório de apoio comissionado. Mas na CPI da COVID, ele teve dois colaboradores oficiais. “Uma das mais enxutas da CPI. O fato é que essas pessoas ajudaram muito, foi muita energia gasta com isso. O papel dos assessores é muito importante”, avalia.
A remuneração de cada assessor é de critério do próprio parlamentar, respeitando os limites estabelecidos em lei. As pessoas escolhidas para os cargos também são de critério do político. Em geral, o salário de assessor parlamentar no Senado é de R$ 12.623. Essa estimativa tem como base os relatórios de salários publicados de forma sigilosa pelos funcionários ou são estimados de acordo com métodos estatísticos.
A CPI E SEUS ASSESSORES
OMAR AZIZ
43: 3 efetivos, 24 comissionados, 16 escritório de apoio
RANDOLFE RODRIGUES
54: 1 efetivo, 11 comissionados, 42 escritório de apoio
RENAN CALHEIROS
45: 4 efetivos, 14 comissionados, 27 escritório de apoio
HUMBERTO COSTA
45: 1 efetivo, 13 comissionados, 31 comissionados do escritório de apoio
EDUARDO BRAGA
37: 1 efetivo, 23 comissionados, 13 comissionados do escritório de apoio
EDUARDO GIRÃO
15: 1 efetivo, 10 comissionados, 4 escritório de apoio comissionado
ALESSANDRO VIEIRA
32: 17 comissionados, 15 comissionados do escritório de apoio
TASSO JEREISSATI
18: 15 comissionados, 3 comissionados do escritório de apoio
LUIS CARLOS HEINZE
27: 15 comissionados, 12 comissionados do escritório de apoio
OTTO ALENCAR
46: 3 efetivos, 12 comissionados, 31 comissionados do escritório de apoio
MARCOS ROGÉRIO
52: 1 efetivo, 16 comissionados, 35 comissionados do escritório de apoio
JORGINHO MELLO
37: 1 efetivo, 14 comissionados, 22 comissionados do escritório de apoio
FLÁVIO BOLSONARO
23: 1 efetivo, 18 comissionados, 4 comissionados do escritório de apoio
MARCOS DO VAL
32: 15 comissionados, 17 comissionados do escritório de apoio
ANGELO CORONEL
39: 3 efetivos, 21 comissionados, 15 comissionados do escritório de apoio
FERNANDO BEZERRA
32: 1 efetivo, 13 comissionados, 18 comissionados do escritório de apoio
ROGERIO CARVALHO
68: 5 efetivos, 16 comissionados, 47 comissionados do escritório de apoio
JADER BARBALHO
17: 1 efetivo, 16 comissionados