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Estado de Minas CPI DA COVID

Conheça o trabalho duro dos assessores por trás da CPI da COVID

EM conversou com dois senadores e um assessor parlamentar para conhecer a rotina de auxiliares que sustentaram a comissão


01/11/2021 04:00 - atualizado 01/11/2021 07:19

Senador Omar Aziz e seu assessor, Márcio Noronha
Márcio Noronha (D), assessor do senador Omar Aziz (PSD-AM): "A CPI mudava todo dia. A gente tinha que acordar muito cedo para ler as novas notícias e na sessão subsidiar os senadores. Durante o dia, a gente acompanhava os depoimentos, fazia checagem de informação para ver se era real ou não. No final da tarde e à noite, ficava analisando documentos que foram apresentados para a CPI de quebra de sigilo, documentos que foram solicitados, etc." (foto: AGÊNCIA SENADO)
Escondidos por trás das cortinas do Senado, os assessores parlamentares foram peças indispensáveis para que os senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID fizessem questionamentos, análise de documentos e adicionassem novas contribuições e informações para o relatório final do senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Foram eles, longe das câmeras, que contribuíram para que a CPI mais assistida da história do país chegasse ao seu fim, na terça-feira passada, desvendando indícios de vários crimes de agentes públicos e empresários.

A CPI colheu mais de 50 depoimentos, entre convocados e convidados, além das mais de 60 reuniões realizadas, marcadas por intensos embates. Foram 9,4 terabytes de documentos digitais, 2.800 impressos e 2.665 ofícios. E ainda foram analisados 1.585 requerimentos (1.166 foram aprovados), 197 convocações, 41 convites, 522 pedidos de  informação e 251 quebras de sigilo.

No fim dos trabalhos, propôs o indiciamento de 78 pessoas, incluindo o presidente Jair Bolsonaro, com acusações também contra as empresas Precisa Medicamentos e VTCLog, todos acusados de cometerem em crimes durante a pandemia.

O Estado de Minas conversou com dois senadores e um assessor parlamentar para entender o trabalho dos auxiliares, que ficaram horas sem dormir, analisaram documentos e foram, muitas vezes, os responsáveis pela descoberta dos escândalos que tomaram as manchetes dos últimos meses no Brasil.

A CPI, formada por 11 senadores titulares e sete suplentes, teve em média 40 assessores por senador em cada gabinete. O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), contou com 46 pessoas, entre assessores, auxiliares e assistentes parlamentares, sendo efetivos efetivos, 24 comissionados e 16 funcionários de escritório de apoio.

Márcio Noronha, de 42 anos, é jornalista há anos e não saiu do lado de Aziz durante a CPI. Ele foi contratado como assessor parlamentar 15 dias antes da CPI e, além de trabalhar com a comunicação do senador, também fez análise de documentos. Nascido em Manaus (AM), ele viu de perto o horror da morte de inúmeros pacientes de COVID-19 causada pela falta de oxigênio nos hospitais, entre elas, seu cunhado.

“A CPI é muito importante para a minha carreira, mas principalmente para o Brasil. A gente tenta de alguma forma colaborar com a busca pela verdade, pela justiça, e eu consigo enxergar isso com esse trabalho. Sou de Manaus, e vi o que passamos no início do ano, sei o quanto é difícil. Minha mãe teve COVID severa e perdi meu cunhado. A gente vê como o povo da minha cidade, do meu estado, do meu país está sofrendo com essa doença. A negligência, principalmente com as pessoas de menor poder aquisitivo e que não poderiam buscar tratamento mais adequado, foi muito grande. É uma forma de a gente buscar a verdade e justiça”, disse ele ao EM .

Márcio conta que apesar de conhecer Aziz há cerca de 20 anos, desde que o senador foi prefeito da capital amazonense, ele via os políticos sem enxergar o lado humano.

Segundo ele, Aziz ficou triste e deprimido com os ataques que recebeu durante os últimos seis meses. “A gente teve que trabalhar, de certa forma tecnicamente, e mostrar para ele que a maioria dos ataques vinham de forma coordenada e de perfis robóticos. É um número assustador de ataques que uma fala dele pode gerar”, explica.

O jornalista conta também que a rotina durante a CPI não foi fácil. Em Brasília de segunda a sexta, ele acordava cedo quase todos os dias, ficava sem dormir à noite para analisar documentos e encarar a pressão do Senado.

“A CPI mudava todo dia, então a gente tinha que acordar muito cedo para ler as novas notícias e na sessão subsidiar os senadores”, revela. Márcio também explica que o trabalho de cada assessor era diferente, já que cada senador tem um ponto de vista.

“Durante o dia, a gente acompanhava os depoimentos, fazia checagem de informação para ver se era real ou não. No final da tarde e à noite, a gente ficava analisando documentos que foram apresentados para a CPI de quebra de sigilo, documentos que foram solicitados, etc.”, contou ele ao EM, antes do encerramento dos trabalhos da CPI.

“ALTA QUALIDADE”

Suplente da CPI, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) chamou a atenção dos telespectadores por seus posicionamentos jurídicos e análises. Ele foi delegado da Polícia Civil e atualmente faz parte dos movimentos RenovaBR e Acredito, além de dividir "gabinete compartilhado" com os deputados federais Felipe Rigoni (PSB-ES) e Tabata Amaral (PSB-SP). Na CPI, contou com a ajuda de 32 pessoas: 17 comissionados e 15 comissionados do escritório de apoio, formados por chefe de gabinete, assistente, auxiliar e assessores parlamentares.

De acordo com o senador,  todo parlamentar precisa entender dos assuntos, mas é impossível saber “sobre tudo”, e por isso precisou de assessoria. “Uma equipe técnica de alta qualidade ajuda a encontrar soluções para os problemas que chegam para o parlamentar. Na CPI, isso foi muito importante. Esse assessoramento aconteceu a todo instante. Os assessores trabalharam em documentos, formularam perguntas, receberam contribuições das pessoas da sociedade e executaram missões dos parlamentares para seguir trabalhos específicos”, informa.

Vieira conta que o trabalho para analisar documentos foi feito em conjunto, muitas vezes por reuniões on-line. Segundo ele, alguns assessores também conseguiram levar novas informações durante a CPI, o que auxiliava o trabalho dos senadores. “Sem a equipe de apoio ninguém faz nada, seja senador, deputado ou qualquer profissão. O resultado, meu resultado em particular, é fruto de uma boa equipe”, diz.

O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) manteve durante os últimos seis meses posição de independência. Ele conta que a assessoria foi peça essencial para que pudesse continuar os trabalhos na comissão. Sob seu comando, o senador teve 15 pessoas: um efetivo, 10 comissionados e quatro pessoas em seu escritório de apoio comissionado. Mas na CPI da COVID, ele teve dois colaboradores oficiais. “Uma das mais enxutas da CPI. O fato é que essas pessoas ajudaram muito, foi muita energia gasta com isso. O papel dos assessores é muito importante”, avalia.

A remuneração de cada assessor é de critério do próprio parlamentar, respeitando os limites estabelecidos em lei. As pessoas escolhidas para os cargos também são de critério do político. Em geral, o salário de assessor parlamentar no Senado é de R$ 12.623. Essa estimativa tem como base os relatórios de salários publicados de forma sigilosa pelos funcionários ou são estimados de acordo com métodos estatísticos.

A CPI E SEUS ASSESSORES

OMAR AZIZ
43: 3 efetivos, 24 comissionados, 16 escritório de apoio

RANDOLFE RODRIGUES
54: 1 efetivo, 11 comissionados, 42 escritório de apoio

RENAN CALHEIROS
45: 4 efetivos, 14 comissionados, 27 escritório de apoio

HUMBERTO COSTA
45: 1 efetivo, 13 comissionados, 31 comissionados do escritório de apoio

EDUARDO BRAGA
37: 1 efetivo, 23 comissionados, 13 comissionados do escritório de apoio

EDUARDO GIRÃO
15: 1 efetivo, 10 comissionados, 4 escritório de apoio comissionado

ALESSANDRO VIEIRA
32: 17 comissionados, 15 comissionados do escritório de apoio

TASSO JEREISSATI
18: 15 comissionados, 3 comissionados do escritório de apoio

LUIS CARLOS HEINZE
27: 15 comissionados, 12 comissionados do escritório de apoio

OTTO ALENCAR
46: 3 efetivos, 12 comissionados, 31 comissionados do escritório de apoio

MARCOS ROGÉRIO
52: 1 efetivo, 16 comissionados, 35 comissionados do escritório de apoio

JORGINHO MELLO
37: 1 efetivo, 14 comissionados, 22 comissionados do escritório de apoio

FLÁVIO BOLSONARO
23: 1 efetivo, 18 comissionados, 4 comissionados do escritório de apoio

MARCOS DO VAL
32: 15 comissionados, 17 comissionados do escritório de apoio

ANGELO CORONEL
39: 3 efetivos, 21 comissionados, 15 comissionados do escritório de apoio

FERNANDO BEZERRA
32: 1 efetivo, 13 comissionados, 18 comissionados do escritório de apoio

ROGERIO CARVALHO
68: 5 efetivos, 16 comissionados, 47 comissionados do escritório de apoio

JADER BARBALHO
17: 1 efetivo, 16 comissionados
 


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