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Estado de Minas INVESTIGAÇÃO

TCE quer inspeção na Câmara de BH para apurar contratos com terceirizadas

Conselheiro Hamilton Coelho, relator do caso, pediu vistoria após denúncia sobre possíveis ilicitudes em convênios


03/11/2021 21:50 - atualizado 03/11/2021 22:04

Fachada da Câmara Municipal de BH
Câmara de BH terá contratos inspecionados pelo Tribunal de Contas (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
O Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) pediu a realização de inspeção na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) para apurar possíveis irregularidades em contratos firmados pelo Parlamento com empresas que terceirizam servidores. A vistoria foi determinada pelo conselheiro Hamilton Coelho, relator de denúncia enviada à Corte questionando o teor dos convênios.

A representação questionando os contratos foi  enviada ao TCE-MG por uma pessoa física em 14 de outubro. A decisão de Coelho, redigida no dia 27 do mês passado, consta na edição desta quarta-feira (3/11) do Diário Oficial da corte de contas. Em nota, a Câmara afirmou que seus atos seguem as normativas encampadas pelo Tribunal.

"O TCE-MG já dispõe de informações sistematizadas sobre tudo que a Câmara de Belo Horizonte faz na sua gestão, especialmente as licitações, contratações e aditivos", lê-se em trecho de comunicado que pode ser visto na íntegra ao fim deste texto.

Havia, ainda, solicitação para a suspensão, em caráter liminar, dos contratos listados na denúncia. A ação cautelar foi rejeitada pelo conselheiro-relator. Segundo Hamilton Coelho, a peça apresentada contra a Câmara de BH será analisada após a inspeção.

Entenda os contratos


Na relação de pactos questionados pela denúncia, há o contrato com a Máxima Serviços e Obras, que terceiriza funcionários administrativos. Há duas semanas, o Estado de Minas mostrou que, mesmo ante a pandemia de COVID-19, o Legislativo belo-horizontino fez dois aditivos junto à empresa para aumentar o efetivo de trabalhadores.

Em junho do ano passado, quando vigoravam muitas restrições de circulação, uma incorporação de R$ 67.515,89 foi firmada para custear a admissão de quatro novos atendentes, cinco auxiliares de secretaria e um diretor de secretaria. O suplemento terminou em 31 de dezembro de 2020.

Em julho deste ano, os pagamentos mensais foram aumentados em R$ 75.433,71, para comportar mais 12 atendentes e auxiliares de secretaria.

Os eventuais acréscimos são incorporados ao valor anual do contrato, que pode ser majorado a cada extensão. Na última renovação, não houve reajuste. As cifras globais estão fixadas em R$ 10.690.104. O valor, dividido em 12 meses, resulta em parcelas de R$ 890.842.   

Com o aumento proporcionado pelos aditivos, as cifras desembolsadas mensalmente têm ultrapassado R$ 1 milhão. Dados fornecidos pela Câmara Municipal à reportagem apontam que, em em agosto, o contrato custou R$ 1.019.730,09. Em setembro, os gastos foram de R$ 1.040.947,92.

A relação de contratos enviada ao TCE-MG trata, ainda, de três acordos para o fretamento de veículos. Os valores gastos contemplam, ainda, a cessão de motoristas. O denunciante afirma que os acordos oneram os cofres em mais de R$ 15 milhões ao ano, "sem qualquer justificativa de dispêndio de dinheiro público".

Envolvidos são intimados


A decisão de Hamilton Coelho foi enviada pelo TCE-MG ao denunciante. A presidente da Câmara Municipal, vereadora Nely Aquino (Podemos), também iria receber comunicação sobre o tema.

Na semana passada, após se reunir com outros parlamentares, Nely anunciou que vai  dispensar, no fim deste ano, os condutores que transportam os 41 vereadores. A impressão dos jornais que divulgam as atividades dos gabinetes também foi encerrada. A expectativa, com a interrupção dos serviços, é poupar R$ 5,7 milhões até 2024.

O aumento do número de funcionários terceirizados, por seu turno, foi motivado, segundo a Casa, por "reestruturação administrativa ocorrida ao longo dos "últimos anos". Uma das justificativas é a extinção de um dos cargos presentes no plano de carreira dos concursados.

Nota da Câmara Municipal sobre a decisão do TCE-MG


"Tanto como a Câmara Municipal tem o dever de fiscalizar os atos do Poder Executivo, o TCE-MG tem função institucional de fiscalizar a gestão da Câmara Municipal. Atualmente, o TCE-MG conta com um sistema informatizado, denominado SICOM, por meio do qual exige que todos os órgãos públicos submetidos à sua fiscalização enviem informações sobre a gestão orçamentária, contratual e patrimonial.

A Câmara Municipal mensalmente ao TCE-MG por esse sistema todas as informações referentes a gestão patrimonial, orçamentária, financeira e contratual. Assim, o TCE-MG já dispõe de informações sistematizadas sobre tudo que a Câmara de Belo Horizonte faz na sua gestão, especialmente as licitações, contratações e aditivos.

O TCE-MG tem ainda a importante função de orientar a gestão pública, o que é feito por meio de resposta às consultas dos jurisdicionados. A Câmara de Belo Horizonte se pauta, em suas contratações, pelas consultas respondidas pelo TCE-MG e demais normativas que esse Tribunal expede.

A Câmara administra dinheiro público e prestar contas é um dever de todo aquele que gere o dinheiro público. Por isso não podemos, de forma alguma, opor qualquer embaraço à atuação do TCE-MG. E acreditamos que esse órgão seguirá cumprindo sua função institucional de fiscalizar e orientar a Administração Pública de forma imparcial e técnica."


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