Em carta aberta publicada na noite desta quarta-feira (3/11), a líder do Conselho de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputada Andreia de Jesus (PSOL) diz ter recebido ameças de morte.
Segundo a parlamentar, os ataques são uma reação ao anúncio feito por ela no domingo (31/10), de que a comissão pretende investigar a operação policial deflagrada em Varginha, no Sul de Minas. A ação culminou na morte de 26 pessoas.
Na versão da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que conduziram a ação, o grupo formava uma quadrilha especializada, violenta e bem-armada de roubo a bancos. Andreia, no entanto, afirmou, no domingo, que recebeu denúncias de que um jovem negro sem envolvimento com o crime teria sido morto na operação.
No post publicado no Instagram, Andreia expões prints em que é xingada com termos de baixo calão e ameaçada. "Você vai ver o que lhe espera. Vamos te matar. Seu fim será igual ao de Marielle. Pra tu ficar de exemplo", dizem as mensagens endereçadas à deputada. A representante também conta que teve perfis invadidos nas redes.
"A Polícia Legislativa da Assembleia Legislativa de Minas Gerais acionou a Polícia Civil, fez um Boletim de Ocorrência e foi recomendada a minha adesão à escolta policial. Demos início a esse procedimento ainda no dia de hoje, devido à gravidade dos fatos. Amanhã, iremos acionar a polícia civil, na delegacia de crimes virtuais para encaminhamento dos discursos violentos, das ameaças a minha integridade física e contra a minha vida!", descreve Andreia no Instagram.
Nesta quarta (3/11), o Ministério Público de Minas (MPMG) anunciou a formação de um comitê para acompanhar as investigações do caso.
Críticas
Ao cogitar possíveis violações de direitos humanos durante a operação policial em Varginha, Andreia de Jesus fez críticas aos militares.
"Uma operação policial exitosa é uma operação que não deixa óbitos para trás. Infelizmente, no Brasil, a juventude negra ainda continua tendo pena de morte como a única alternativa. Um crime contra patrimônio não justifica a retirada de vida, seja de quem quer que seja", afirmou a deputada.
Conforme o regimento da ALMG, a apuração do caso pela comissão depende de aprovação de requerimento pelos deputados membros. O documento ainda não foi ratificado.
Operação
A operação da Polícia Militar (PM) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi realizada nesse domingo (31/10) em Varginha. Objetivo era desmantelar uma quadrilha de assalto a bancos altamente especializada e violenta, cujo modus operandi se assemelha ao fenômeno conhecido como "novo cangaço". Ou seja: ataques a pequenas cidades, uso de armamento pesado e tomada de reféns.
Segundo os policiais, houve dois confrontos, em duas chácaras. Na primeira, 18 criminosos foram mortos - supostamente, por atacar policiais. Já na segunda, o saldo foi de oito óbitos. Com o grupo, os agentes encontraram um verdadeiro arsenal de guerra, com direito a explosivos e coletes a prova de balas.
A capitão Layla Brunela, porta-voz da PM, definiu a ação como "a maior operação referente ao 'novo cangaço' no País".