A movimentação de dois partidos foi tida como crucial para a aprovação em primeiro turno da chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios na Câmara dos Deputados. PSB e PDT - principalmente -, duas legendas consideradas oposição ao governo federal, somaram 31 votos favoráveis e foram considerados os "fiéis da balança" na votação. A decisão, contudo, incomodou figurões externos e causou até certa divisão interna.
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Um dos pedetistas mineiros da Câmara, Subtenente Gonzaga (PDT-MG) defendeu o voto favorável à PEC e afirmou que as críticas de Ciro são desrespeitosas. O deputado afirma que a aprovação por parte do PDT se deu após conversas e acordos para votação de outros textos.
"O que motivou nossa posição foram as mudanças propostas no texto final e compromissos com votação de mais dois projetos: constitucionalização da transferência de renda e o beneficiamento de professores na questão do Fundeb. Outra questão é que mesmo que entendo que o governo tinha outras alternativas para transferência de renda, independente de nome, mas era essa a opção colocada, não tinha outra", afirmou Gonzaga, ao Estado de Minas.
"Avanços tornaram melhor o texto, nós em si não tínhamos condições de colocar que o texto seria aprovado, se fosse aprovado como surgiu seria muito pior. O compromisso político de colocar outras matérias para votação tornou o resultado melhor do que seria com o texto anterior. Os votos do PDT foram com esses compromissos, e o Ciro teve uma reação que ele tem direito, mas desrespeitosa, uma imposição indevida", completou o deputado. O outro parlamentar mineiro do PDT na Câmara é Dr. Mário Heringer.
Já o PSB, além das críticas externas, teve até discordância interna, refletida no cenário de Minas Gerais. Dos três deputados federais mineiros do PSB, dois foram a favor - Júlio Delgado e Emidinho Madeira - e um contrário - Vilson da Fetaemg.
Também à reportagem, Júlio Delgado afirma que a aprovação da PEC foi colocada em um contexto político por conta da possível viabilização do Auxílio Brasil, que deve substituir o Bolsa Família como programa assistencial do governo. O deputado federal vai além e diz que o texto aprovado em primeiro turno na madrugada desta quinta-feira (04/11) beneficia professores, governadores e prefeitos.
"A PEC dos Precatórios foi colocada como plano de fundo para política no ano que vem. Teve gente que achava que ia dar gás ao Bolsonaro, mas ele já está derrotado, na minha opinião. O pessoal que votou contra quer derrotar o Bolsonaro com Lula, nós queremos derrotar o Bolsonaro com outros. Digo isso porque governadores foram beneficiados, prefeitos foram beneficiados. Agora, não vou ficar brigando contra ou a favor da manutenção de um programa por conta do nome, essa disputa não interessa. Votaria contra se a questão do Fundeb, dos professores, não tivesse sido incluída, mas teve esse compromisso, vai pagar os professores do Fundeb", diz Delgado.
A PEC retornará ao plenário para votação em segundo turno e também para apreciação de destaques do texto, em sessões ainda a serem marcadas. Para aprovação da PEC, eram necessários 308 votos favoráveis - foi aprovada em primeiro turno com placar de 312 a 144.