A maioria dos parlamentares do União Brasil, resultado da fusão entre DEM e PSL, não descarta um alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro em 2022. Levantamento do Estadão com os 88 deputados e senadores da nova sigla mostra que 56 defendem o apoio ou admitem que podem apoiar a reeleição de Bolsonaro. Apenas cinco disseram descartar essa possibilidade. Os demais não quiseram se posicionar. A fusão foi aprovada pelas duas siglas em outubro, mas ainda depende de aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O aceno da maior parte dos parlamentares a Bolsonaro diverge do discurso de independência em relação ao Planalto adotado por dirigentes da nova legenda, que, se sair do papel, será a maior força de direita em 20 anos, desde o governo Fernando Henrique Cardoso, quando o PFL (atual DEM) elegeu 105 representantes.
O deputado Luciano Bivar (PSL-PE), futuro presidente do União Brasil, e ACM Neto (DEM-BA), que será secretário-geral, têm afirmado que a intenção é lançar candidato próprio ao Planalto em 2022. "Não tem por que a gente não ter candidato próprio", disse Bivar, que atribui o apoio a Bolsonaro à indefinição da nova sigla sobre quem pretende lançar. "Não faz sentido alguém estar no partido sem apoiar nosso candidato", completou.
BAIXAS
Dos três nomes do União Brasil citados como presidenciáveis, porém, dois já anunciaram que vão migrar para o PSD: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), e o apresentador de TV José Luiz Datena. Apenas o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) continua. A nova sigla ainda tentava atrair o ex-ministro Sérgio Moro, mas o ex-juiz anunciou sua filiação ao Podemos.
A maior parte dos parlamentares que defendem o apoio a Bolsonaro no ano que vem está hoje no PSL, sigla pela qual o presidente se elegeu em 2018. Dos atuais 53 deputados do partido, 36 se posicionaram a favor da reeleição. Mesmo deputados da "ala bivarista" do PSL, que ficaram do lado do presidente do partido, Luciano Bivar, quando Bolsonaro rompeu com a legenda, no fim de 2019, afirmaram que podem apoiar o presidente. É o caso de Sargento Gurgel (PSL-RS), que defende um alinhamento já no primeiro turno.
O deputado Delegado Waldir (PSL-GO), que foi destituído do cargo de líder do partido em 2019, também não descarta reatar a aliança. "Se, no segundo turno, acontecer uma polarização, com certeza vou votar no Bolsonaro", disse ele.
No Senado, Márcio Bittar (PSL-AC) defende a reeleição de Bolsonaro. Já Soraya Thronicke (PSL-MS), aliada em 2018, afirmou que não decidiu, mas não descarta o apoio.
No DEM, que tem dois ministros no governo, apenas dois dos 28 deputados da bancada rejeitaram o apoio a Bolsonaro - Kim Kataguiri (SP) e Luís Miranda (DF). "Se for Lula e Bolsonaro (no segundo turno), eu anulo o voto", afirmou Miranda, que denunciou, na CPI da Covid, suspeitas de corrupção na compra de vacinas pelo governo federal.
EVANGÉLICOS
Por outro lado, Bolsonaro tem hoje o apoio irrestrito de integrantes da bancada evangélica do DEM. Sóstenes Cavalcante (RJ), ligado à Assembleia de Deus Vitória em Cristo, declarou que a única maneira de não apoiar o presidente é "se ele não for candidato". O deputado David Soares (DEM-SP) disse que a situação está "indefinida", mas que a tendência é pela reeleição. "Tenho simpatia pelo presidente, mas precisamos entender por onde o governo está indo", disse Soares, que é filho do apóstolo R.R. Soares.
Dos cinco senadores do DEM, três disseram que podem apoiar Bolsonaro. Davi Alcolumbre (DEM-AP), ex-aliado, e Maria do Carmo Alves (DEM-SE) não responderam.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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