As nove deputadas estaduais da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) se uniram para avançar com o espaço feminino no Parlamento mineiro. Nesta sexta-feira (5/11) foi promulgada a resolução 5590/2021, que cria a Procuradoria da Mulher e institui a Bancada Feminina. A deputada Leninha (PT) foi escolhida como líder e as colegas Laura Serrano (Novo) e Delegada Sheila (PSL) como vice-líderes.
A deputada Ana Paula Siqueira (REDE), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher no Parlamento mineiro, afirmou que a bancada feminina do Senado Federal foi um exemplo durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID e na Assembleia de Minas não vai ser diferente. “É um espaço de voz para as mulheres, de ter uma intervenção nos projetos, nas decisões da casa, vai ser garantido a nós, através da nossa líder Leninha, ocupar o espaço de fala, não só no Plenário como em diversas comissões como prioridade e isso é muito importante porque as bancadas e os blocos são compostos majoritariamente pelos senhores deputados, que muitas vezes ficamos sem oportunidade de pronunciamento”, afirmou.
Procuradoria
Entre as várias atribuições da Procuradoria, está a de contribuir para o enfrentamento das discriminações e violências contra a mulher, por meio do recebimento e da análise de denúncias e do encaminhamento dos casos aos órgãos competentes.
Outras atribuições da Procuradoria:
- Contribuir para a maior efetividade de políticas públicas, ações e programas voltados para a equidade de gênero e para o enfrentamento das violências contra a mulher;
- Fortalecer e divulgar a rede de proteção das mulheres e promover a igualdade de gênero;
- Incentivar a criação de procuradorias da mulher no âmbito dos municípios;
- Qualificar os debates de gênero e dar maior visibilidade às pautas e agendas de proteção e promoção das mulheres;
- Promover ações e cursos de formação que possam contribuir para o aumento da participação e da representatividade das mulheres nos espaços decisórios e de poder, nas esferas institucional e política, ampliando o número de mulheres eleitas e garantindo que suas vozes sejam ouvidas.
De acordo com a proposta aprovada, a Procuradoria será constituída por uma procuradora-geral da Mulher e uma procuradora adjunta da Mulher, designadas pelo presidente da ALMG entre as deputadas em exercício. Os nomes para ocuparem estas atribuições ainda estão em negociação com o presidente Agostinho Patrus (PV) e vão ser anunciadas posteriormente. O mandato previsto é de dois anos, coincidente com o da Mesa da Assembleia, permitida uma recondução.
Bancada Feminina
Já a Bancada Feminina constituirá em agrupamento suprapartidário integrado por todas as deputadas. A líder escolhida foi a deputada Leninha (PT), que vai contar com todas as prerrogativas asseguradas pelo Regimento Interno aos líderes de bancada ou bloco parlamentar quanto ao uso da palavra.
Assim, durante a discussão de projetos de lei, por exemplo, haverá mais tempo para que o tema em debate seja abordado sob a perspectiva do impacto às mulheres.
Atualmente, exercem mandato na Assembleia as seguintes deputadas: Ana Paula Siqueira (REDE), Andréia de Jesus (Psol), Beatriz Cerqueira (PT), Celise Laviola (MDB), Delegada Sheila (PSL), Ione Pinheiro (DEM), Laura Serrano (Novo), Leninha (PT) e Rosângela Reis (Podemos).
Ameaças
O presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PV), citou o caso de ameaças sofridas pela deputada Andréia de Jesus (PSOL). Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, Andréia tem sido alvo de ataques após ter dito que o colegiado vai apurar as circunstâncias da ação policial deflagrada em Varginha, no Sul de Minas. A operação resultou na morte de 26 pessoas.
“Ameaçar o Parlamento é ameaçar todos nós. Ameaçar uma deputada desta Casa é ameaçar a democracia, o direito de falar, o direito de cada uma das mineiras e dos mineiros. A deputada Andreia de Jesus como presidenta da comissão de Direitos Humanos faz aqui um brilhante trabalho e tem por parte de todos os deputados o apoio neste momento em que pessoas se escondem na rede social para ameaçar o Parlamento mineiro. Nós vamos a fundo nas investigações e iremos, com o apoio da Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público, descobrir quem são essas pessoas que entendem que ninguém mais tem direito neste país, sequer a opinião”, afirmou Agostinho Patrus.
Nas redes sociais, pessoas passaram a ameaçar a deputada de forma acintosa - e até criminosa -, com xingamentos de baixo calão. Ela chegou a ser comparada à Marielle Franco, também do PSOL. Vereadora do Rio de Janeiro, ela foi executada em 2018. "Você vai ver o que lhe espera. Vamos te matar. Seu fim será igual ao de Marielle. Pra tu ficar de exemplo", afirmou um dos cidadãos.
As mensagens foram levadas à Delegacia de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil. Trinta e cinco perfis enviaram conteúdos considerados ameaçadores. A deputada terá segurança reforçada com uma cooperação entre a Polícia Legislativa da Assembleia de Minas Gerais e as polícias Civil e Militar para garantir a escolta da parlamentar.