Jornal Estado de Minas

MÉRITO CIENTÍFICO

Bolsonaro condecora cientistas que se opõem às suas ideias, mas volta atrás

Nesta quinta-feira (4/11), Jair Bolsonaro (sem partido) se tornou grão-mestre da ciência brasileira. Ao conceder a si mesmo o mais alto título da Ordem Nacional do Mérito Científico, o presidente surpreendeu ao homenagear, além dele próprio, dois cientistas que estiveram à frente de estudos importantes no combate à COVID-19.





A médica amazonense e diretora da Fiocruz Amazônia, Adele Schwartz Benzaken, junto ao médico Marcus Lacerda, da Fundação de Medicina Tropical, receberam nesta quinta o título de "Comendador da Ordem Nacional”. 

A homenagem de Bolsonaro, no entanto, durou pouco. O presidente voltou atrás em sua decisão e retirou a honraria dos cientistas. O decreto que anula os títulos foi publicado nesta sexta-feira (5/11) no Diário Oficial da União. 

A atitude de homenagear e reconhecer o trabalho de cientistas de renome, que estiveram na linha de frente da pesquisa sobre o novo coronavírus, foi inédita no histórico de Bolsonaro. Por outro lado, se arrepender de posicionamentos e voltar atrás, nem tanto. 





O presidente rotineiramente compartilha em suas redes sociais e fala ao público mentiras sobre a vacina, questiona a ciência e o trabalho dos pesquisadores. Quando questionado pela imprensa sobre seus posicionamentos, alega não ter dito nada

Saiba quem foram os cientistas que perdem o título 


Pesquisadores são homenageados, mas perdem o título em menos de 24 horas (foto: Fiocruz/Reprodução;Fiocruz/Reprodução )
Marcus Lacerda é médico e pesquisador da Fundação de Medicina Tropical. Ele foi responsável por conduzir o estudo que apontou a eficácia da cloroquina no tratamento de casos graves do coronavírus. O estudo foi realizado no auge da primeira onda da pandemia. 

O médico, com a constatação da pesquisa sobre a cloroquina, sofreu uma série de ataques de bolsonaristas. Forte opositor científico ao “tratamento precoce”, Lacerda recebeu, inclusive, ameaças de morte. 

Adele Schwartz Benzaken é diretora do Instituto Leônidas & Maria Deane da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Amazônia). A médica era diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), HIV e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. 

Ela foi demitida em 2018, assim que Bolsonaro assumiu o mandato. A Fiocruz, onde atualmente trabalha, esteve à frente dos estudos que sequenciou e identificou as novas variantes da COVID-19. 





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