O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o ator e diretor Wagner Moura se tornaram dois dos assuntos mais comentados das redes sociais neste sábado (13/11). O movimento começou após o parlamentar criticar Moura por comer "camarão" em uma ocupação do do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), em São Paulo.
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"Quentinha gourmet de comunista. Normal.. O relógio é rolex?", disse um usuário. "Acho que vou virar pobre pra poder comer camarão na quentinha", rebateu outro bolsonarista. "Só aqui no Brasil integrantes de movimentos ditos sociais andam de Hylux e comem camarão. Algo de errado não está certo...", declarou outro seguidor de Eduardo.
Marmita era acarajé; fornecedor rebate críticas
No entanto, o que Eduardo e os seguidores não perceberam é que a refeição de Moura não era "camarão", mas, sim, acarajé, prato típico baiano, de baixo custo, conhecido por ser comido por populares. Além disso, a alimentação do evento foi doada pelo restaurante Acarajazz, especialista nisso. No perfil da loja, é possível ver vários posts em que o restaurante mostra a presença na exibição de Marighella. O negócio também comemorou a participação no evento.
"Noite linda. É uma honra, né? Nosso acarajé feito para prestigiar o povo dessa ocupação maravilhosa e dois baianos icônicos e necessários em nossa cultura: Wagner Moura e Marighella", escreveram ao compartilhar a foto postada por Boulos.
"Comida símbolo de resistência da terra desses dois baianos que inspiram nossas lutas", complementaram. O Acarajazz também rebateu uma notícia dada por um veículo em que afirmava que Moura comia uma "quentinha". "Doamos uma remessa de forma voluntária. Essa não foi a primeira vez que levamos acarajé para um ocupação, nem será a última", disseram.
O restaurante chegou a comentar, também a fala de Eduardo Bolsonaro e o movimento dos bolsonaristas em criticar o ator. "Calafrios eu senti ao ver a nossa comida associada a esse cara. Já havia levado uma vez acarajé para as ocupações e só recebi amor. Aí vem esse sujeito para tentar contaminar. Mas enfim, nem todo ódio e preconceito vai manchar um momento tão lindo como aquela noite", disseram.
Oposição rebate: ''Queria que tivessem servido osso"
Em contrapartida aos ataques bolsonaristas, seguidores de esquerda rebateram as críticas de Eduardo Bolsonaro e apontaram que o parlamentar ficaria feliz se visse que as pessoas da ocupação estivessem passando por miséria.
"Ele queria que a galera do MTST tivesse servido osso", disse a sócia da Perifacon, Andreza Delgado. Ela se refere à notícia recente de que filas de pessoas esperavam em um açougue para comprar ossos.
A youtuber Maíra Medeiros disse ter se assustado em ver que a revolta bolsonarista é um "desespero" de "ver pobre comendo bem". O conselheiro tutelar de Jacarepaguá Jota Marques concorda com Maíra e dise que "a elite de direita brasileira", ao ver a alimentação "da luta organizada", "sente ódio".
"Não é o camarão na marmita do MTST que incomoda a elite de direita brasileira. Ela sabe que aquilo que come no café da manhã é o triplo do valor. O que incomoda é a consciência de que todas as pessoas podem alcançar essa mesma alimentação com luta organizada. Ela sente ódio", declarou Jota Marques.
Boulos também comentou a polêmica. "Direitistas raivosos com a foto do Wagner Moura comendo acarajé no prato na ocupação do MTST mostra que o bolsonarismo vibra com a fome e, acima de tudo, desconhece a cultura brasileira".