Durante o giro que faz pela Europa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, nesta quinta-feira (18/11), da abertura do seminário Cooperação multilateral e recuperação regional pós COVID-19, em Madri, na Espanha.
No evento, que contou com a presença do ex-presidente espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, Lula condenou o que considera ''uma inaceitável concentração de renda no planeta, enquanto milhões de famílias convivem com a mais cruel das chagas mundiais": a fome.
Ao falar sobre o assunto, Lula citou que o ex-presidente dos Estados Unidos George Bush tentou convencê-lo a aprovar a entrada do Brasil na guerra do Iraque.
“Em 2002, fui visitar o Bush e ele veio com uma preleção de 40 minutos me mostrando o quão importante era acabar com o terrorismo. Isso fazendo um apelo para que o Brasil participasse do que ele chamou de luta extraordinária para acabar com o terrorismo, invadindo o Iraque. Eu simplesmente disse para ele: eu não conheço Saddam Hussein”, disse.
De acordo com Lula, durante a conversa ele disse que o Iraque ficava muito longe do Brasil e ele já enfrentava outra guerra.
“Eu tive outra guerra: a fome. No meu país, a fome atingia 54 milhões de pessoas. E essa guerra eu iria fazer e iria ganhar”, completou.
O ex-presidente disse também que o mundo precisa de uma reconstrução profunda sobre os alicerces da igualdade, da fraternidade, do humanismo, dos valores democráticos e da justiça social. “Porque mesmo que sobrevivam à COVID, 800 milhões de pessoas hoje não conseguem escapar de outro terrível flagelo: a fome”, afirmou.
“Sei a dor que a fome provoca no ser humano, porque vivi na pele”, disse. “Nasci numa das regiões mais pobres do Brasil, filho de uma mãe pobre, analfabeta e lutadora, que criou seus oito filhos sozinha. Enfrentei a fome, o trabalho infantil, o desemprego, as injustiças”, relatou.