O deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO), ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro, expôs que o governo pagou votos dos parlamentares em votações consideradas prioritárias. Uma delas seria a aprovação da reforma da Previdência e a eleição do atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). As declarações foram dadas em entrevistas ao site The Intercept Brasil.
Ex-líder do PSL, Delegado Waldir foi próximo do chefe do Executivo e o deputado federal mais votado em Goiás em 2018. Decepcionado com os rumos do governo, ele revelou como funciona o "orçamento secreto" de Bolsonaro. Ou seja, a troca de votos por emendas de relator.
Segundo o parlamentar, cada deputado recebeu o direito de destinar R$ 10 milhões para suas bases eleitorais pelo apoio à eleição de Lira. Pelo apoio à reforma da Previdência, o montante foi ainda maior: R$ 20 milhões. Ele contou ainda que líderes partidários recebiam o dobro dos demais parlamentares.
"Aconteceu na reforma da Previdência, na eleição do Lira e em mais uma que não me lembro", disse Waldir. "R$ 10 milhões . E na Previdência, R$ 20 milhões por parlamentar", afirmou Waldir.
Segundo o parlamentar, inicialmente as verbas negociadas vinham diretamente do orçamento do Executivo - com a indicação de projetos e obras a serem apoiados nos redutos eleitorais dos deputados. Foi assim que foi negociado o apoio da maioria da Câmara à reforma da Previdência.
Leia Mais
Olavo de Carvalho teria fugido do Brasil em avião da FAB Com foco na 'geração Z', congresso do MBL 'elege' Moro como líder da 3ª viaVotação presencial das prévias do PSDB é adiada para as 9h em BrasíliaEm nota, FAB nega ter levado Olavo de Carvalho para os Estados UnidosPosteriormente, com a criação do chamado orçamento secreto, esses valores passaram a sair das emendas do relator. O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a distribuição das verbas. Pelo entendimento da Corte, o Congresso Nacional e o governo federal devem adotar medidas de transparência para realizar a distribuição dos recursos.
O deputado goiano diz que a liberação das emendas é negociada pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). "O Lira e o Pacheco têm o controle dos recursos. 'Dei R$ 10 milhões para você, R$ 20 milhões para o Fernando, R$ 30 milhões para o Waldir.' Quem tem esse controle é o assessor de orçamento, o Lira e o Pacheco. Ninguém mais tem", contou.
Waldir afirmou que, hoje, o presidente da Câmara é quem define os rumos do governo no lugar de Bolsonaro. "Ele é quem carrega o governo. Quem manda no governo hoje é o Lira. Não é o Bolsonaro, é o Lira", destacou. A influência de Lira vai dos bolsonaristas à oposição, segundo ele. "Um monte , só pegar o povo ligado ao Lira".
Ao Intercept, Arthur Lira disse, por meio de assessores, que só iria se manifestar depois da publicação da reportagem. O Correio entrou em contato com a assessoria do deputado, que não se manifestou até a publicação desta matéria.