Jornal Estado de Minas

MOBILIDADE

'Pontos obscuros' fazem ALMG pedir a suspensão de trâmites do Rodoanel

A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vai pedir ao governo do estado que suspenda o processo em torno do Rodoanel Metropolitano de Belo Horizonte. A ideia é enviar um documento sobre o tema à Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) ainda nesta sexta-feira (26/11). O anúncio foi feito pelo presidente do Parlamento, deputado estadual Agostinho Patrus (PV).



projeto do Rodoanel tem sido bastante criticado por prefeitos e lideranças da sociedade civil. Para Patrus, o debate sobre a construção da nova via ainda é permeado por "pontos obscuros". Por isso, há a necessidade de obter documentos e estudos que tratam do empreendimento. Nesta sexta, a Assembleia recebeu lideranças da Região Metropolitana e representantes do governo para debater o tema em audiência pública.

Segundo o presidente da Assembleia, o acesso às informações oficiais sobre o Rodoanel é essencial para que haja aval à obra.

"Me parece que existem duas ou três propostas colocadas. Elas precisam ser clareadas. A Assembleia se dispõe, junto às prefeituras, a fazer um grande trabalho em conjunto para que a gente possa auditar os estudos e números feitos", disse ele.

"Os prefeitos e movimentos sociais que se manifestaram não querem, de maneira nenhuma, que o projeto seja inviabilizado. O que queremos é que o interesse público esteja à frente das discussões", completou o parlamentar.



A ideia é que, no início de dezembro, ocorra nova reunião para que, baseado em estudos técnicos, as partes interessadas no Rodoanel possam debater a estrada. Durante a audiência organizada pela Assembleia, houve apresentação do projeto do Rodoanel. O plano foi criticado por parte dos presentes. Tópicos como o traçado da via e a operação da estrada geraram reclamações. A certa altura, a ideia foi chamada de "Anel Rodoviário 2" por Alexandre Kalil (PSD), prefeito de Belo Horizonte. 

O evento da Assembleia foi marcado após problemas alegados por prefeitos e demais participantes em audiências oficiais, realizadas nesta semana no Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) e na Cidade Administrativa, ambos na capital mineira.

Secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais, Fernando Marcato participou de forma remota e alegou estar na cidade de São Paulo para tratar de questões relativas à saúde. Houve parlamentares estaduais participando remotamente, visto que, às sextas-feiras, muitos dão expediente em suas bases eleitorais interior afora.



Marília Campos (PT), prefeita de Contagem, e Vittorio Medioli (sem partido), prefeito de Betim, lideram um movimento contrário ao Rodoanel proposto pelo governo de Minas.

Histórico


A via entrou em pauta a partir dos recursos adquiridos com o acordo da Vale - em decorrência do rompimento de uma barragem de rejeitos em janeiro de 2019, que matou 280 pessoas em Brumadinho.

A mineradora precisou pagar R$ 37,68 bilhões ao estado por causa dos danos. Parte da obra do Rodoanel vai ser bancada por uma fatia da indenização. O governo de Minas tinha planejado esta semana para finalizar o debate com as audiências, com a última agendada para 13h desta sexta, horário em que terminou a audiência na Assembleia.

Os prefeitos pediram uma reunião com Romeu Zema (Novo), governador de Minas, e a elaboração de um novo cronograma de encontros, já que ainda há pendências.

"(O Rodoanel) vai trazer solução para a Região Metropolitana, mas se for de forma errônea encaminhado, vai trazer dor de cabeça aos mineiros. Isso é a última coisa que pretendemos", pontuou Agostinho Patrus.

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