Um dia após ganhar as prévias tucanas, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que não descarta uma aliança com o ex-juiz Sergio Moro, também pré-candidato à Presidência. A declaração foi dada durante uma entrevista para a CNN Brasil.
Doria já havia sinalizado uma vontade de unir a chamada “terceira via” para tentar combater a polarização focada em Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na conversa, Doria também elogiou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Ambos também são prováveis pré-candidatos ao cargo de chefe do Executivo federal.
“É possível. Eu tenho boas relações com Sergio Moro e tenho respeito por ele, não haveria nenhuma razão para não manter relações com alguém que ajudou o Brasil, com alguém que contribuiu com a Lava Jato, assim como Simone Tebet, uma brilhante senadora, e o senador Rodrigo Pacheco, com boa postura e equilíbrio”, disse.
Segundo o governador, ele já conversou com alguns pré-candidatos após o resultado das prévias, para traçarem juntos um plano para fortalecer a “terceira via”. Para Doria, as pesquisas eleitorais não devem ser o principal fator para decidir o postulante ao Palácio do Planalto.
Nas últimas pesquisas, Doria aparece atrás de Lula, Bolsonaro, Moro e Ciro Gomes (PDT).
PSDB
As prévias tucanas deixaram exposta a divisão do partido. Uma das maiores dificuldades de Doria será a junção da legenda que, no momento, mostra diferentes ideologias internas.
Mais cedo, ao falar sobre a vitória contra o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgilio, Doria afirmou que não houve nenhum derrotado. O governador de SP obteve 53,99% dos votos e superou Eduardo Leite, que ficou com 44,66%. Arthur Virgílio Neto teve 1,35%.
“O PSDB apresentou 3 excelentes nomes para resgatar o Brasil. Parabéns Eduardo Leite e Arthur Virgílio. Parabéns presidente Bruno Araújo. Vamos juntos!”, disse Doria nas redes sociais.
No sábado, após vitória, o governador de SP fez um discurso forte, cheio de críticas a Jair Bolsonaro (sem partido). Ele chamou o poder Executivo federal de "genocida", por causa da postura do presidente da República ante a pandemia de COVID-19.
"Trouxemos a vacina para os brasileiros. Vacina negligenciada pelo governo federal. Este governo genocida, responsável, sim, por uma parcela desses 613 mil brasileiros que perderam suas vidas", disse ele, em Brasília (DF), onde lideranças tucanas se reuniram em um centro de convenções para anunciar o resultado da eleição interna.
A fala de Doria sobre a imunização fez menção indireta à CoronaVac, ligada ao Instituto Butantan, de São Paulo.
Derrota
Após ser derrotado, Eduardo Leite também falou sobre a união do partido e parabenizou o governador de SP pela vitória.
"João, o nosso PSDB, nosso partido, confiou a ti a liderança desse projeto. Desejo a ti toda sorte e força para que possamos dar dias melhores aos brasileiros", disse. "Não é o que estamos fazendo, mas como estamos fazendo. A possibilidade de fazer política sem precisar passar por cima de ninguém. Tivemos cerca de 45% dos votos e quero agradecer a todos que somaram, somos um grupo, um projeto e liderança de futuro. Acima de um projeto pessoal está acima de qualquer coisa, temos o nosso Brasil e nós temos um compromisso com Brasil", afirmou Leite.
O governador do RS ainda falou sobre a sexualidade dele. "Eu sou o primeiro governador que fala abertamente sobre ser gay e isso mostra a diversidade que todos têm a capacidade de ocupar qualquer posição. A diversidade nos faz mais fortes, mais ricos e com um futuro mais promissor", pontuou.