O Avante trabalha para fortalecer a pré-candidatura do deputado federal mineiro André Janones à presidência da República. Embora se defina como "opção do meio" a Jair Bolsonaro (sem partido) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o parlamentar garante que não guarda semelhanças com os postulantes à pecha de terceira via, como João Doria (PSDB), Sergio Moro (Podemos) e Ciro Gomes (PDT). Segundo Janones, os outros presidenciáveis que buscam se opor à polarização pecam por não dialogar com as camadas vulneráveis.
Leia Mais
Avante oficializa pré-campanha de André Janones à presidência da RepúblicaAvante convida oficialmente Julvan Lacerda para disputar o Senado por MinasPrefeito de Pouso Alegre é condenado a 10 anos de prisão por desvioOposição fala em 'tentativa de intimidação' a deputada processada por ZemaNovo partido de Bolsonaro: PL esteve no centro do escândalo do mensalão no governo LulaSecretário de Zema defende recuperação fiscal e nega 'imediatismo' do planoMichel Temer: 'Terceira via não vai ser unificada'Neste domingo (28/11), em um evento em Jaboticatubas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o Avante oficializou a pré-campanha de Janones ao Palácio do Planalto. Embora a candidatura não seja algo garantido, o deputado mira a redução das desigualdades como bandeira prioritária. "A principal proposta é diminuir a desigualdade, trazendo ao mercado de consumo e concedendo o mínimo de dignidade aos que, hoje, são chamados de invisíveis. O primeiro passo para isso é o diálogo e o fortalecimento da democracia".
Deputado em primeiro mandato, Janones se notabilizou por sua defesa ao auxílio emergencial. O Avante é presidido por Luis Tibé, outro deputado federal mineiro. Pelas estradas de Minas Gerais, a ideia é colocar para rodar um ônibus com o rosto do presidenciável. No veículo, Janones segue o périplo por cidades importantes em busca de apoio.
Três perguntas para André Janones (Avante-MG), pré-candidato ao Planalto
Houve um evento para lançar oficialmente sua pré-candidatura. Em que pé estão os debates sobre a sua participação na corrida eleitoral?
Nosso projeto é diferente da maioria dos pré-candidatos, que vem de cima para baixo, com grandes eventos e festividades. Nosso projeto vem de baixo para cima, de um clamor da população. Nossos números nas redes sociais comprovam isso. Temos engajamento mensal de cerca de 40 milhões de brasileiros, e não são curtidas ou visualizações. É gente. Por trás de cada número, há pessoas com anseios e desejos, que não estão satisfeitas com a política que está sendo desenvolvida no país, mas também não querem regredir e voltar ao passado. Estamos mostrando à população, por meio da nossa pré-candidatura, que é possível acreditar e ter uma opção diferente. Creio que vamos crescer bastante.
O crescimento é sustentável: não é um oba-oba, com várias lideranças políticas, mas uma pré-candidatura que nasce dos anseios da população - em especial, dos menos favorecidos. O grande desafio, agora, é dialogar com outros públicos, (como) o empresariado, mostrar propostas concretas para a economia que estamos preparados para o desafio de disputar uma candidatura presidencial. Independentemente do resultado das urnas, nossa candidatura enriquece o debate político, pois mostra que é possível uma opção diferente do que está sendo colocado, de uma extrema esquerda, ultrapassada, que volta ao passado, e de uma extrema direita que, vimos no governo, não deu certo. Apresentamos uma opção do meio. É a proposta principal de nossa candidatura.
Ainda estamos há um ano da eleição, mas o senhor já sabe apontar a bandeira prioritária que vai nortear seu discurso se, de fato, for candidato?
O pai de todos os problemas do nosso país é a desigualdade social. Temos um país em que, durante a pandemia, aumentou exponencialmente o consumo de artigos de luxo, e ao mesmo tempo, a fome avançou de maneira semelhante ao que era nos anos 1990. A fome nunca deixou de ser problema, mas deixou de ser o principal problema. E, agora - e temos dados que comprovam isso - a fome volta a assustar e a ser o grande protagonista dos problemas sociais do país.
O grande desafio é unir o país. Político tem que aparecer de quatro em quatro anos. No intervalo entre uma eleição e outra, quem vence tem que descer do palanque e começar a trabalhar. É o que Bolsonaro não fez: a eleição passou e ele continua no palanque fazendo campanha. Nosso principal foco é, primeiro, unir o país.
Precisamos de um presidente que governe para todos, sem 'nós' contra 'eles' ou pobre contra rico. Tem que investir, auxiliar o empresariado para gerar empregos. A principal proposta é diminuir a desigualdade, trazendo ao mercado de consumo e concedendo o mínimo de dignidade aos que, hoje, são chamados de invisíveis. O primeiro passo para isso é o diálogo e o fortalecimento da democracia.
O senhor fala em ser uma 'opção do meio', mas há outros pré-candidatos com discurso similar, como João Doria, do PSDB, e Sergio Moro, do Podemos. Ainda há a chance de ter nomes de fala similar em partidos como PSD e Cidadania. Não há temor por pulverização de votos? Pretende dialogar com as outras terceiras vias?
Não acho, sem querer parecer prepotente, que a minha candidatura se iguale a nenhuma dessas outras candidaturas. Não estou dizendo que é melhor ou pior, com mais ou menos chances, mas que não guarda nenhuma semelhança com as outras ditas terceiras vias, porque elas não dialogam com a camada mais pobre da população. Essas candidaturas continuam deixando de fora os que realmente deveriam ser os protagonistas das discussões políticas: os mais pobres, os trabalhadores, quem está na favela e, normalmente, é excluído.
Prova de que são excluídos é que, se você ligar a televisão, verá discussão sobre ideologia de gênero, linguagem neutra, liberação do porte de armas e outras coisas. Só não verá debate sobre aquilo que realmente interessa a essas pessoas: o preço do arroz, do feijão, da gasolina, a geração de emprego, o caos na saúde pública e o sucateamento da educação.
Esses são os problemas que afetam diretamente a população, mas, infelizmente, aqueles que protagonizam o debate político no nosso país continuam insistindo em dialogar só para a bolha de 20% que está no debate ideológico, enquanto 80% preocupados com os problemas reais são deixados de fora da discussão. Por mais que demore um pouco, não vai ser amanhã ou depois, mas vamos mostrar que não temos que escolher entre alguém que saqueou o país e alguém que faz a pior gestão da história deste país.