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Pouco mais de dois anos após deixar o PSL e frustrado o plano de criar o próprio partido, o presidente Jair Bolsonaro se filiou na manhã desta terça-feira (30/11) ao PL>
O Partido Liberal é o mesmo partido que abrigou o vice-presidente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o empresário José Alencar, morto em março de 2011.
Antes de discursar, para uma plateia em sua maioria sem máscaras, Bolsonaro pediu ao deputado federal e pastor evangélico Marco Feliciano que fizesse uma oração. Na sequência, disse logo no início de seu discurso: “Não estamos aqui lançando ninguém”, em alusão à candidatura dele à reeleição no ano que vem.
Entretanto, Bolsonaro emendou: “É um passaporte (a filiação hoje) para pleitear algo lá frente”. Hoje, nos bastidores da política, cogita-se a hipótese de Bolsonaro não disputar a reeleição em função da popularidade de seu governo, que está despencando, e chegou a níveis críticos, com menos de 20% dos entrevistados avaliando a atual administração como ótima e excelente.
O discurso de Bolsonaro, sem citar nomes de adversários, contou com frases de confronto com Lula, seu virtual e principal oponente no ano que vem. “Tiramos a esquerda. Quem anda pelo Brasil sabe que as cores verde e amarelo estão predominando, e não a bandeira vermelha”, afirmou.
Histórico
A filiação, originalmente, estava marcada para o dia 22 de novembro, mas foi adiada após desentendimentos entre Bolsonaro e o presidente do PL. Isso porque o presidente exigiu que a sigla desembarcasse do apoio prometido à candidatura do vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), ao Palácio dos Bandeirantes, condição atendida por Valdemar Costa Neto.De acordo com Bolsonaro, o PL ainda se comprometeu a não firmar alianças formais com partidos de esquerda nas eleições de 2022.
A filiação de Bolsonaro ao PL vem após o fracasso do presidente em criar um partido para chamar de seu, o Aliança pelo Brasil. Sem conseguir as assinaturas necessárias, o chefe do Executivo tentou levar legendas como o Patriota e o PRTB de "porteira fechada", mas também não conseguiu.
Foi justamente a exigência por um controle maior da atividade partidária que culminou no desentendimento público entre Bolsonaro e a sigla pela qual conquistou o comando do País, o PSL.
O presidente também negociou com o Progressistas e chegou a receber convite para entrar no PTB.
Em 2018, Bolsonaro fez uma campanha marcada por críticas ao Centrão. À época, disse que o então candidato Geraldo Alckmin, que tinha o PL na aliança, teria se associado ao pior da política.
Hoje, o Centrão está no coração do governo: Bolsonaro entregou a Casa Civil, o principal ministério da Esplanada, para Ciro Nogueira, então presidente do Progressistas, legenda que é expoente do bloco.