O ex-presidente Lula participou, na noite desta quinta-feira (2/12), do PodPah, podcast com transmissão ao vivo pelo YouTube. A participação do político foi a mais assistida do programa, somando mais de 2 milhões de acessos durante a live e 270 mil pessoas assistindo simultaneamente. Com isso, o nome de Lula foi parar em primeiro lugar dos assuntos mais falados do Twitter. Durante a entrevista, o político falou sobre a atuação do presidente Bolsonaro, sobre futebol e os ideais para o país.
A entrevista foi transmitida no mesmo horário da live semanal de Bolsonaro, que teve cerca de 8,8 mil acessos no YouTube. Ao longo da participação no PodPah, Lula falou sobre vários assuntos, contou histórias da juventude, de quando era metalúrgico, da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e mais em cerca de duas horas de conversa. Um dos pontos altos da entrevista foi quando o político expressou o que pensa sobre Bolsonaro.
"Esse cara é grosso, esse cara não sabe respeitar o ser humano, esse cara não sabe respeitar a sociedade, esse cara não gosta de negro, de LGBT, não gosta das mulheres, não gosta de sindicato. Ele só gosta de milico, de miliciano. Ela não gosta de livro, só gosta de arma", disse Lula. Ele ainda falou que Bolsonaro é "anomalia política" e que "não deveria existir".
Para ele, o governo Bolsonaro acabou com "tudo que tinha de bom no Brasil". "Eles acabaram com tudo. Diminuíram o dinheiro para as universidades. O Enem, que já teve 16 milhões de pessoas inscritas, este ano teve só 3 milhões. Tem um milhão de meninos e meninas devendo pro Fies que não podem pagar. Anistia essas crianças, qual o prejuízo pro país? Tem tantos empresários que dão calote, o que custa anistiar esses meninos", indagou.
"Acabaram com o ciência sem fronteiras, que tinham 100 mil brasileiros estudando lá fora. Acabaram com o investimento em ciência e tecnologia. O Brasil já era para estar produzindo a vacina. O Brasil tem competência pra isso", pontuou Lula. "O Brasil era motivo de orgulho", relembrou.
Sérgio Moro
Além de criticar o Bolsonaro, Lula também falou sobre o ex-ministro Sérgio Moro. Segundo o petista, foi uma injustiça a condenação por Moro. "Graças a Deus eu provei que sou inocente. Estou até hoje perguntando para esse Moro o que eu roubei. Eu fui condenado por um fato indeterminado", assegurou.
Para Lula, as marcas que sofreu por conta da condenação são profundas e, por isso, pretende processar o ex-juiz em algum momento. "Eu ainda vou pensar bem, mas em algum momento eu vou processar. Nem que seja um tataraneto a ganhar um processo meu contra essa sacanagem que fizeram comigo", afirmou.
Erros
O ex-presidente falou ainda sobre o tempo em que o PT esteve no poder. Para ele, o partido deve ter errado em muitos aspectos, mas a crítica deve vir da população. "Deve ter tido muito erro. As pessoas falam que eu não faço autocrítica, porque vou eu mesmo me criticar, deixa meus adversários me criticarem. Eu nunca vi ninguém pedir pro Fernando Henrique Cardoso fazer autocrítica", afirmou Lula. "Eu não faço porque eu quero que você faça a crítica. Por favor,fale mal de mim, fale o que você acha que eu não fiz", pediu o ex-presidente.
O petista falou ainda sobre o que pretende fazer caso retorne ao poder. "Eu acho que o PT errou em muita coisa, se eu voltar você vai ver, eu vou fazer muita coisa nesse país que eu sei que pode fazer e eu não fiz porque não sabia", garantiu.
Na entrevista também revelou que tem até março para decidir sobre a candidatura em 2022 e que só existe uma razão para tentar voltar a ser presidente: "Fazer o povo voltar a comer"."A minha obsessão, nenhuma criança pode ir pra cama ou acordar de manhã sem ter um café da manhã. A fome é dura", disse Lula sobre o combate à fome no país.
Assista o vídeo completo:
Sucesso em podcasts
Em setembro, Lula deu uma entrevista para o podcast Mano a Mano, do rapper Mano Brown. O episódio foi o podcast mais ouvido do Brasil em 2021, segundo o Spotify. Em uma conversa franca com o rapper, Lula admitiu erros dos governos petistas, falou sobre a "branquitude" da esquerda brasileira e tentou se reconectar com a juventude do país.