A Justiça Eleitoral já vem se preparando, em termos de estrutura, para as próximas eleições. A partir de 2022, as urnas eletrônicas devem contar com um novo recurso que propõe ampliar a acessibilidade no momento do voto.
A novidade, voltada para pessoas com deficiência visual, e outra para pessoas com deficiência auditiva, aprimora a sintetização da voz nas urnas. Além de melhorias na qualidade geral do áudio, agora serão falados os nomes de suplentes e vices. Nas eleições de 2020, por exemplo, a urna só emitia um som informando o nome da candidata ou candidato titular.
Será possível, ainda, cadastrar um nome fonético. “Isso significa escrever o nome do jeito que ele é falado. Assim, o software não erra e fala o nome dos candidatos e das candidatas corretamente”, explica o chefe da Seção de Voto Informatizado do TSE, Rodrigo Coimbra.
Para as pessoas com deficiência auditiva, agora as urnas devem contar com apresentação de um intérprete de Libras na tela. O intérprete indicará quais cargos estão em votação.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a medida reforça seu “compromisso com uma democracia inclusiva”. O recurso foi divulgado nesta sexta-feira (3/12), data em que se comemora o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.
Inclusão
Os novos recursos são fruto da resistência e luta, de todas as pessoas com alguma deficiência, pelo direito ao voto. É o que afirma o primeiro fotógrafo com deficiência visual do mundo a capturar imagens de duas Paralimpíadas (Rio - 2016 e Tókio - 2020), João Maia.
“Cada avanço é uma conquista de toda a militância, como a introdução do Braille no teclado da urna, depois o sintetizador de voz e agora a introdução de mais essas ferramentas”, enfatiza o fotógrafo.
Para ele, garantir a pluralidade é essencial. “Só podemos exercer esse direito da democracia através do voto. Precisamos ter uma democracia que seja para todos. É participando dela que eu me sinto um verdadeiro cidadão. Se hoje temos um deputado cego nos representando, é porque pudemos votar e escolher nossos representantes”, afirma.
O Brasil tem cerca de 150 milhões de eleitoras e eleitores. Desse total, 1,15 milhão são pessoas com algum tipo de deficiência.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.