As concessões de títulos e comendas representam uma despesa comum nas casas legislativas brasileiras, assim como nos poderes Executivo e Judiciário. A Câmara Municipal de Montes Claros (413, 48 mil habitantes), no Norte de Minas, aprovou um projeto que visa diminuir o gasto de dinheiro público com as homenagens.
O projeto, de autoria do vereador Rodrigo Cadeirante (Rede), prevê que a Medalha Ivan José Lopes de Honra a Montes Claros, principal comenda do município, deverá ser "banhada" a ouro 18 quilates - e não de ouro maciço, como era anteriormente.
Rodrigo Cadeirante foi o vereador mais votado na eleição de 2020 no município, com 3.550 votos. De acordo com ele, com a mudança, o município terá uma economia de mais de R$ 39 mil por ano. A medalha de ouro maçico tem um custo aproximado de R$ 40 mil, enquanto a "banhada" custa cerca de R$ 400.
Instituída há 50 anos, a honraria é concedida a uma personalidade ou pessoa com serviços prestados a Montes Claros e à região, entregue uma vez por ano, sempre em 3 de julho, data em que se comemora o "Aniversário da Cidade".
Entre as pessoas que já receberam a homenagem estão o escritor Darcy Ribeiro, o empresário e fundador da Construtora Cowan, Walduck Wanderley (ambos nascidos em de Montes Claros e já falecidos), e o atual prefeito da cidade Humberto Souto (Cidadania).
A comenda também foi entregue ao ex-vice-presidente da República José Alencar (falecido em 2011), condecorado ainda quando era presidente da Federação das Indústrias do Estado de Mina Gerais (Fiemg), no início da década de 1990.
A comenda também foi entregue ao ex-vice-presidente da República José Alencar (falecido em 2011), condecorado ainda quando era presidente da Federação das Indústrias do Estado de Mina Gerais (Fiemg), no início da década de 1990.
Outro homenageado com a medalha (2019) foi o empresário Josué Gomes da Silva (filho de José Alencar), presidente do Grupo Coteminas (fundado pelo pai dele), que no próximo 1º de janeiro, assume a presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
"Considero desnecessário gastar até R$ 40 mil numa medalha, que não precisa ser de ouro maciço, até porque o valor dela é sentimental. O importante é o reconhecimento, a satisfação que o homenageado sente com a honraria", afirma Rodrigo Cadeirante.
Ele salienta que o valor da comenta é simbólico. ""A medalha não é para ostentar, e a gente, quando ganha, usa apenas uma ou outra vez, apenas para tirar foto. Depois, guarda. Então, ela não precisa ter valor monetário, porque ninguém vai vender", ressalta.
"Tomei o cuidado de conversar com as pessoas que foram homenageadas e várias nem sabiam do valor da comenda. Uma delas, inclusive, disse que pretende fazer uma réplica e derreter a original, vender o ouro e doar para uma entidade de assistência"", revela Cadeirante.
Para o representante da Rede, ao aprovar o projeto de redução de gastos com a concessão da homenagem, a Câmara Municipal "demonstra apreço com a população e rigor com o dinheiro público, que pode ser utilizado em outras ações".