Em discurso no encerramento do 9º Congresso da Força Sindical, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) pela recusa em adotar o passaporte de vacinação no país.
“Ele (Bolsonaro) precisa criar responsabilidade e permitir que as pessoas sejam obrigadas a apresentar o teste de vacinação, para proteger a sociedade brasileira. Afinal de contas, surgiu um vírus novo, que a gente não sabe a magnitude desse vírus”, disse Lula.
A declaração vem um dia depois de o governo decidir que não vai adotar o passaporte vacinal, e sim exigir uma quarentena de cinco dias de viajantes não vacinados que entrarem no Brasil. Com a nova regra, quem apresentar o certificado de imunização contra a COVID e teste negativo poderá cruzar a fronteira sem passar por um período de isolamento.
Aos sindicalistas, Lula voltou a responsabilizar Bolsonaro por “pelo menos metade das pessoas que morreram”, durante a pandemia.
Política econômica
O ex-presidente criticou ainda Paulo Guedes e sua condução da política econômica no Brasil, além da reforma trabalhista em discussão no Congresso. Segundo o ex-presidente, o país precisa de um Estado forte que possa proporcionar benefícios à população e aos trabalhadores: “Não adianta emprestar dinheiro para rico. Se emprestarmos dinheiro para os pobres, ele vai fazer a economia do país girar. O consumidor compra, a indústria produz, gera mais renda, consumo e produção”, declarou o ex-presidente.
Lula também defendeu o perdão da dívida de estudantes inadimplentes do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e cobrou o retorno de garantias trabalhistas eliminadas nas últimas gestões. O ex-presidente pediu para que os sindicalistas não se iludam com o ministro da Economia: “Esse Guedes jamais pensou em benefícios para o trabalhador.”, atacou.
Em quase 50 minutos de discurso no palco do sindicato, Lula focou na pauta trabalhista e colocou o combate ao desemprego como prioridade de um eventual novo mandato como presidente: “Temos que pensar o que queremos para o futuro desse país, como vamos gerar empregos, porque emprego é o que mais dá dignidade a todos nós”, ressaltou.
A taxa de desemprego no Brasil caiu para 13,2% no trimestre encerrado em agosto, atingindo 13,7 milhões de trabalhadores, segundo a última pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Antes da chegada da pandemia de COVID-19, o índice estava abaixo de 12%, saltando para 14,7% no 1º trimestre de 2021.
O ex-presidente também defendeu carteira assinada para entregadores de aplicativo: "O cara de bicicleta que pensa que é um microempreendedor, quando não é, é tratado como se fosse escravo. É só cair da bicicleta e perceber que está abandonado", afirmou.
*Estagiário sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza