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Estado de Minas EM BUENOS AIRES

Lula diz que esquerda foi responsável por melhor período da América do Sul

Declaração foi dada a uma praça de Maio lotada, em Buenos Aires, durante evento promovido pelo governo da Argentina para comemorar o dia dos direitos humanos


11/12/2021 09:24 - atualizado 11/12/2021 09:35

O ex-presidente Lula abraça o ex-presidente do Uruguai José Mujica
O ex-presidente Lula abraça o ex-presidente do Uruguai (2010-2015) José Mujica, durante um comício em Buenos Aires, nessa sexta-feira (10/12) (foto: Tomas CUESTA / AFP)

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um elogio a ex-governantes de esquerda da América do Sul nesta sexta-feira (10), dizendo que foram responsáveis pelo melhor período já vivido pelo continente.

A declaração foi dada a uma praça de Maio lotada, em Buenos Aires, durante evento promovido pelo governo da Argentina para comemorar o dia dos direitos humanos.

Ele incluiu na lista de elogios o ditador venezuelano Hugo Chávez (morto em 2013) e ex-presidentes acusados de práticas autoritárias e antidemocráticas, como Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia).

Também mencionou os ex-presidentes socialistas chilenos Ricardo Lagos e Michele Bachelet, os uruguaios Tabaré Vázquez e Pepe Mujica, o paraguaio Fernando Lugo e os argentinos Néstor e Cristina Kirchner.

'Estes companheiros progressistas, socialistas, humanistas, fizeram parte do melhor momento de democracia da nossa pátria grande, a nossa querida América Latina", disse Lula, num discurso em portunhol bastante aplaudido pela multidão. Em alguns momentos, houve um coro de "olê, olê, olê, olá, Lula, Lula".

O ex-presidente também fez referências a instituições multilaterais criadas pelos governos de esquerda da região.

"De 2000 a 2012, governamos democraticamente todos os países da América do Sul, quando expulsamos a Alca [Alca de Livre Comércio das Américas], firmamos o Mercosul e criamos a Unasul [União de Nações Sul-Americanas] e a Celac [Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos]", disse ele.

Ao falar da Celac, ele disse ser "a melhor instituição", porque abrigava Cuba e excluía EUA e Canadá.
O petista também fez um agradecimento especial ao presidente argentino, Alberto Fernández, e a sua vice, Cristina, que mantêm uma relação tensa.

Ele comparou sua prisão no Brasil aos processos judiciais enfrentados por ela. ""Quero agradecer a solidariedade que prestaram a mim na Argentina quando eu fui preso no Brasil. A mesma perseguição que me colocou no cárcere é a que Cristina foi vítima", afirmou.

Sobre Fernández, lembrou que ele foi visitá-lo na cadeia quando ainda era candidato a presidente, em 2019. "Por isso, em qualquer situação, este sr. de 76 anos, mas com energia de um jovem de 20, estará ao seu lado", disse Lula, dirigindo-se ao presidente argentino.

Lula, que deve concorrer à Presidência no ano que vem, foi uma espécie de convidado especial de uma série de eventos promovidos pelo governo argentino com o tema dos direitos humanos.
O petista participou da entrega dos prêmios Azucena Villaflor, no Museu do Bicentenário, anexo à Casa Rosada.

Estiveram presentes a líder das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, o prêmio Nobel Adolfo Pérez Esquivel, e ministros da gestão Fernández.

Foi anunciada a criação de um espaço para a memória no Campo de Mayo, onde funcionou um dos principais centros clandestinos de tortura durante a ditadura militar.

Esquivel disse, em seu discurso, que espera que "nosso companheiro Lula seja eleito no ano que vem no Brasil pelo bem da América Latina". Foi aplaudido pela plateia composta de funcionários do governo e representantes de associações de direitos humanos.

O evento teve grande participação da militância, que começou a chegar à praça de Maio por volta do meio-dia, para participar do festival "Democracia para Sempre", promovido pelo governo argentino para festejar o dia internacional da democracia e dos direitos humanos.

Envoltos em bandeiras da Argentina com imagens do ex-presidente Juan Domingo Perón e sua mulher Evita, carregando faixas de apoio ao governo de Fernández e Cristina, os apoiadores começaram a encher a praça onde foi montado um palco para shows.

Transformado em ato partidário, o evento também celebrou os dois anos da posse de Fernández. Foram convocadas diversas entidades de militantes de esquerda, de defesa de direitos humanos e sindicatos. O evento recebeu críticas de figuras da oposição, por usar o Estado para a propaganda política.

"A democracia argentina não é filha do peronismo, mas sim de todos os argentinos. Não é legítimo que queiram reescrever a história", disse o deputado Mario Negri (União Cívica Radical).

Apresentado como estrela do evento, Lula chegou a Buenos Aires no dia anterior, gravou um programa de televisão e jantou na residência de Olivos com Fernández e Cristina. Outro convidado do evento foi o ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica.

O líder do movimento La Cámpora e filho de Cristina, o deputado Máximo Kirchner, pediu aos militantes que "arrebentem a Praça de Maio para abraçar a alguém que, assim como Cristina, sofreu perseguição da Justiça, e que voltará a ser presidente do Brasil".

Em entrevista publicada na sexta-feira pelo jornal Página12, Lula disse que "tanto o Brasil como a Argentina, a Bolívia e o Chile precisam de governos progressistas que envolvam os pobres na participação ativa da economia, para que possam ser consumidores e comprar coisas, assim como ter acesso à educação".

Segundo ele, a América Latina pode se recuperar. "Lamentavelmente, pessoas como Néstor Kirchner [Argentina] e Hugo Chávez [Venezuela] morreram, outras foram violentadas como Rafael Correa [Equador] e Dilma Rousseff, depois da violência do 'lawfare' contra mim, do golpe contra Fernando Lugo [Paraguai]. Os governos conservadores destruíram tudo o que construímos para o bem-estar social de nossos povos", afirmou.


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