Jornal Estado de Minas

ENERGIA ELÉTRICA

CPI mira alta cúpula da Cemig para investigar suposta 'desidratação'

Deputados estaduais componentes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a gestão da Companhia Energética do Estado de Minas Gerais (Cemig) miram a tomada de depoimentos de figuras ligadas ao alto escalão da estatal. Nesta quarta-feira (15/12), o comitê aprovou a convocação de Maurício Dall'Agnese, presidente da Cemig Participações Minoritárias (CemigPar), braço que cuida das fatias possuídas pela energética em outras empresas.



Uma das linhas de investigação adotadas pela CPI da Cemig trata da venda de ativos da companhia a fim de "desidratar" a empresa e, assim, viabilizar a privatização. Duas negociações chamam a atenção dos parlamentares: a venda da Light, companhia de luz sediada no Rio de Janeiro, e a alienação indireta da participação da estatal mineira na Renova, que atua com energias renováveis.

Em janeiro deste ano, a Cemig vendeu a fatia de 22,6% que controlava na Light por R$ 1,37 bilhão. Em 2019, quando ainda estava vinculada à companhia mineira, a empresa fluminense vendeu, pelo valor simbólico de R$ 1, a sua participação na Renova. Maurício Dall'Agnese assumiu a CemigPar em dezembro do ano passado.

O pedido para interrogá-lo na condição de testemunha foi feito por Professor Cleiton (PSB) e Beatriz Cerqueira (PT), subrelatores da CPI. Sávio Souza Cruz (MDB), o relator, também assina. A CPI da Cemig tem no horizonte, ainda, outros depoimentos importantes, como o de Reynaldo Passanezi Filho, presidente da estatal.



Os trabalhos do comitê de inquérito estão previstos para terminar em fevereiro.

Ex-presidente deixou conselho após operação sobre a Light


Em outubro, o ex-presidente da Cemig, Cledorvino Belini, esteve na Assembleia Legislativa para prestar depoimento. Aos parlamentares, ele afirmou que deixou o conselho de administração da Light em outubro de 2019, quando a venda da Renova por R$ 1 foi aprovada.

No mesmo mês, Luis Paroli Santos, ex-presidente da Light, também depôs à CPI. O executivo deixou a empresa em abril de 2019, mas criticou a venda da participação indireta da Cemig na Renova.

"Eu já tinha deixado a Light no momento da venda, mas sempre entendi que a venda da Renova por esse valor não era a melhor opção", disse, à época.

A Cemig, por seu turno, tem sustentado que a venda da Renova foi assunto de competência da Light.

"Quando da referida venda pela Light, a Cemig tinha três dos nove representantes no Conselho de Administração (CA) da Light, entre eles o Sr. Cledorvino Belini. Em atendimento às boas práticas de governança, eles se abstiveram de votar após se declararem impedidos por conflito de interesses. Isso porque, após a votação no CA da Light, um eventual direito de preferência da Cemig teria que ser votado no CA da própria Cemig. Essa razão foi exposta e documentada em reunião na Light."



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