Jornal Estado de Minas

Eleições 2022

Ciro reage à PF, atacando Bolsonaro e 'Estado policial'


Brasília – O pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) e seu irmão, o ex-governador do Ceará Cid Gomes, foram alvos, ontem, de uma operação da Polícia Federal (PF) para apurar suposto esquema de corrupção envolvendo as obras da Arena Castelão — estádio de Fortaleza (CE), que passou por reforma para receber a Copa de 2014. A força-tarefa, batizada de Operação Colosseum, investiga suspeita de fraudes e pagamento de propinas a agentes políticos e servidores públicos envolvendo as obras no Castelão, realizadas entre 2010 e 2013. A Justiça também determinou a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático dos envolvidos, inclusive os irmãos Gomes.





Segundo a PF, as investigações apontam para um “possível pagamento de vantagem indevida para que a Galvão Engenharia obtivesse êxito no processo licitatório da Arena Castelão e, na fase de execução contratual, recebesse valores devidos pelo governo do estado ao longo da execução da obra de reforma, ampliação, adequação, operação e manutenção do estádio".

Foram deslocados 80 policiais federais para a força-tarefa, com o objetivo de cumprir 14 mandados de busca e apreensão em Fortaleza, Meruoca e Juazeiro do Norte, no Ceará; São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e São Luís (MA). As ordens foram expedidas pelo juiz Danilo Dias Vasconcelos de Almeida, da 32ª Vara Federal Criminal no Ceará.

A apuração ainda indica que o valor da concorrência foi de R$ 518 milhões, originados em parte de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Apurou-se indícios de pagamentos de 11 milhões de reais em propinas diretamente em dinheiro ou disfarçadas de doações eleitorais, com emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas”, disse a PF em nota.





‘Polícia de Estado’ 


Na internet, Ciro Gomes se manifestou, negando qualquer envolvimento com o esquema. O presidenciável falou em perseguição e afirmou que o país vive em um “Estado policial”. “Até esta manhã (ontem), eu imaginava que vivíamos, mesmo com todas imperfeições, em um país democrático. Mas depois de a Polícia Federal, subordinada a Bolsonaro, com ordem judicial abusiva de busca e apreensão, ter vindo à minha casa, não tenho mais dúvida de que Bolsonaro transformou o Brasil num Estado policial que se oculta sob falsa capa de legalidade”, disse por meio do Twitter.

Em meio à crise, Cid Gomes se reuniu com aliados e concedeu entrevista à imprensa na noite de ontem para prestar esclarecimentos sobre a operação da PF. Ele disse concordar com as afirmações do irmão e teceu críticas à corporação. “Eu sintetizaria numa palavra o que eu considero isso: uma molecagem. O que fizeram hoje (ontem) foi uma molecagem que tem toda uma narrativa. A Polícia Federal é uma instituição ultrarrespeitada, ultrarreconhecida, tem ao longo da sua história prestado relevantes serviços ao país, mas, lamentavelmente, isso tem que ser denunciado. Ela está sendo, por sua direção, completamente aparelhada”, sustentou.

Repercussão 

Os irmãos Gomes receberam o apoio de políticos, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que foi alvo de críticas recentemente por parte do cearense. “Quero prestar minha solidariedade ao senador Cid Gomes e ao pré-candidato a presidente Ciro Gomes, que tiveram suas casas invadidas sem necessidade, sem ser intimados para depor e sem levar em conta a trajetória de vida idônea dos dois. Eles merecem ser respeitados”, escreveu Lula. A ex-presidente Dilma Rousseff também se solidarizou, afirmando que repudia o “arbítrio e a perseguição a eles”. “Como cidadãos brasileiros, merecem ser tratados com o respeito às leis vigentes no país”, disse.

Lúcio Gomes, outro irmão da família, também foi incluído na operação de busca e apreensão. O juiz Danilo Dias Vasconcelos de Almeida determinou o afastamento do sigilo telefônico, bancário, fiscal e telemático dos irmãos e de outros alvos. Segundo os documentos citados pelos policiais federais, existe a suspeita de que na fase de execução contratual tenham sido pagas vantagens indevidas para que o governo estadual repasse valores que estavam supostamente retidos.






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