A primeira declaração pública de André Mendonça como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) foi de descolamento do presidente Jair Bolsonaro, o responsável por sua indicação à Corte. Na contramão de sua conduta no Ministério da Justiça, onde fez uso recorrente da extinta Lei de Segurança Nacional contra opositores do governo, o mais novo magistrado prometeu trabalhar para consolidar a democracia e defender de forma "irrestrita a liberdade de imprensa" e os jornalistas.
"O primeiro compromisso que eu queria reiterar, na verdade, é com a democracia, os valores da nossa Constituição e, em especial, com a Justiça. A Justiça enquanto valor e ideal" afirmou Mendonça. "Eu espero poder contribuir com a Justiça brasileira e o Supremo Tribunal Federal, e ser, ao longo desses anos, um servidor e um ministro que ajude a consolidar a democracia, esses valores, garantias e direitos, que já estão estabelecidos nos interesses da nossa Constituição."
As declarações, ao menos no campo retórico, colocam o ministro no lado oposto ao de Bolsonaro. No último domingo, 12, jornalistas foram agredidos por seguranças e apoiadores do presidente durante sua visita à cidade de Itamaju, na Bahia. Ao ser confrontado com as denúncias de violência, o chefe do Executivo disse que as declarações são "só cascata".
Depois da breve cerimônia de posse no Supremo, Mendonça disse admitir a importância da imprensa para a construção do País. "Contem também sempre com o meu respeito e a defesa irrestrita da liberdade e das prerrogativas do livre exercício dos jornalistas e da imprensa. Estarei à disposição", afirmou o magistrado. Durante a sua gestão na Justiça, porém, o novo ministro chegou a propor a abertura de inquérito contra repórteres.
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