Desde a aprovação da vacinação contra a COVID-19 em crianças de 5 a 11 anos, nesta quinta-feira (16/12), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem sido alvo de fortes críticas e tentativas de intimidação por parte do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Anvisa, Antônio Barra Torres, reagiu aos ataques de Bolsonaro durante sua fala na abertura da reunião da diretoria colegiada da autarquia. O encontro foi transmitido ao vivo nesta sexta-feira (17/12).
Sem citar diretamente o nome do líder do executivo, o diretor-presidente da Torres defendeu que a decisão não foi tomada de forma isolada e que “mais de 1.600 pessoas", entre especialistas e funcionários, participaram do processo. “Se formos consultar todas as pessoas que contribuíram, direta ou indiretamente, essa lista contaria, por certo, com mais de 1.600 nomes. Todas as nossas atividades estão entrelaçadas e todos são essenciais”, afirmou.
Torres defende o trabalho do órgão regulamentador, criado há 22 anos. “Nessas duas décadas de trabalho silencioso, outras vacinas e outros medicamentos foram analisados por essa mesma equipe”.
O diretor enfatiza, ainda, que o órgão “não vacina ninguém” e deixa claro que esta função é do governo federal. “A nossa Agência Nacional não vacina ninguém, não injeta no braço de ninguém a vacina. O gestor do sistema nacional de imunizações é o Ministério da Saúde e, portanto, o governo federal”, pontua.
Quanto à decisão sobre a vacinação, ele insiste que é um assunto competente aos pais ou responsáveis da criança.
“Somos legalistas”
Para Torres, o trabalho da Anvisa sempre foi pautado pela lei. “Somos legalistas, somos cumpridores daquilo que a lei determina e temos total tranquilidade em fornecer informações que nos venham a ser solicitadas”.
O diretor-presidente colocou o órgão e todos os funcionários à disposição da Justiça. Sem falar de Bolsonaro, no entanto, deixou claro o propósito de seu discurso: um recado para o presidente.
“Rogamos a Deus que, nos aproximando do final deste ano, no mês que o dia 25 nos remonta ao amor, à fraternidade a ao bom entendimento entre o povo, que esse bom entendimento contagie, em um contágio do bem, o coração de todos”, concluiu.