Ao longo de 2021, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ocupou manchetes e virou assunto nas redes sociais por conta dos seguidos ataques contra jornalistas e a imprensa. Para deixar ainda mais clara a aversão do chefe do executivo contra os profissionais e veículos, a Agência Lupa fez um levantamento em que localizou, ao menos, 78 vezes em que desacatos foram proferidos durante as lives semanais na internet.
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Em raras vezes em que Bolsonaro elogiou o trabalho jornalístico, foi em favor de veículos que são apoiadores do mandato do atual presidente. Por exemplo, o programa Pingo nos Is, da Jovem Pan, na opinião de Jair, reporta "a verdade, diferente da Globo".
Outro relatório
Não é a primeira vez que um levantamento mostrando os ataques do presidente contra a imprensa é divulgado. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) publicou, em outubro de 2020, um relatório que denuncia os sucessivos ataques que Bolsonaro comete contra membros da imprensa.
Segundo a pesquisa, chamada Monitoramento de discursos, entrevistas e postagens em redes sociais, foram 299 ataques entre janeiro e setembro de 2020, o que corresponde a mais de uma declaração hostil aos veículos de comunicação por dia.
No Twitter, Bolsonaro debochou do levantamento. Ele postou uma matéria do site de O Globo com o título: "Em nove meses, Bolsonaro cometeu 299 ataques ao jornalismo, diz relatório". Acima da matéria, escreveu: "'Ataque' n° 300: Perderam a boquinha!"
Liberdade de imprensa
Essas ofensas resultaram na entrada de Bolsonaro na lista de "predadores da liberdade de imprensa", elaborada pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF). A edição de 2021 foi divulgada em julho, e é composta por 37 chefes de Estado ou governo que impõem uma repressão massiva à liberdade de imprensa.
A edição descreveu que Bolsonaro usa "insulto, humilhação e ameaças vulgares" como "modo de predação". De acordo com a publicação, desde que Bolsonaro assumiu a presidência tornou muito mais difícil o trabalho da imprensa. "Sua marca registrada? Insultar, estigmatizar e humilhar jornalistas muito críticos", disse a ONG.
Na lista estão outros chefes de estado como o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, o presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel, presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente da China, Xi Jinping.