Jornal Estado de Minas

IMPRENSA

Bolsonaro e aliados bloquearam jornalistas 264 vezes no Twitter

Há anos o Twitter tem sido um importante canal de divulgação de informações de governos e autoridades, em tempo real. Embora não seja um canal oficial, lideranças no mundo todo usam a plataforma para compartilhar assuntos relacionados a decisões governamentais. A rede social está, frequentemente, sob os holofotes dos profissionais de imprensa nacionais e internacionais. 





Ciente disto, o presidente Jair Bolsonaro (PL), seus filhos e aliados políticos comumente bloqueiam jornalistas em suas redes. Na plataforma, um “bloqueio” impede a visualização das publicações daquele perfil. A tática pode ser considerada como uma tentativa de cercear o acesso à informação. 

Em 2021, o líder do executivo baniu de seu Twitter ao menos 80 jornalistas. Somados, Bolsonaro, seus filhos e ministros, 264 contas vinculadas à empresa foram bloqueadas de suas redes até esta segunda-feira (20/12). O levantamento foi realizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

Acesso à informação 


De um lado, Bolsonaro defende que trata-se de um perfil pessoal. De outro, a imprensa acredita que por ser um perfil de uma autoridade e que é usado para divulgação de informações, deve ser acessível a toda a população. 





“Esse argumento não se sustenta”, afirma o presidente da Abraji, Marcelo Träsel, que é jornalista e professor universitário.  

“O fato é que o que ele (Bolsonaro) publica no Twitter tem implicações para a sociedade, assim como o que diz em entrevista ou outras manifestações. E ele também passou a fazer anúncios de governo nesse espaço. Impedir o acesso de qualquer cidadão a esses perfis é cercear o acesso à informação, no nosso entendimento", completou o jornalista.

Saiba quais aliados de Bolsonaro bloquearam jornalistas


Bolsonaro lidera o ranking como a autoridade que mais bloqueou jornalistas em 2021. Em segundo lugar, com 39 profissionais bloqueados, está o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub. Em seguida, o atual secretário especial de Cultura, Mario Frias, com 28 ocorrências. 

Em quarto lugar, o vereador carioca Carlos Bolsonaro e filho do presidente, com 21 jornalistas banidos de sua rede. Seguindo Carlos, seu irmão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), com 20.  

Depois da família Bolsonaro, o ex-assessor especial da Presidência Arthur Weintraub, que bloqueou 19 nomes do jornalismo. Fecham a lista o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), com 17; o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, com 14; e, por último, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, com 13. 





De acordo com a Abraji, a maioria dos bloqueios foram contra jornalistas freelancers, chegando a 48 ocorrências. A categoria não é vinculada a nenhum veículo de imprensa. 

A imprensa independente também foi um alvo significativo dos banimentos. Ao todo, 31 jornalistas do The Intercept  foram bloqueados. Ademais, 16 casos foram contra jornalistas da Folha de S. Paulo; seguidos pelo Estadão, com 12; a TV Globo, com 11. o portal de notícias UOL, nove; e o jornal O Globo, com sete ocorrências. 

A denúncia já tramita na Justiça. A expectativa é que a pauta seja analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2022, sob a relatoria do recém nomeado ministro, André Mendonça. 
 
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.  

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