Uma queixa-crime registrada pela vereadora Duda Salabert (PDT) contra o também vereador de Belo Horizonte Nikolas Ferreira (PRTB) impediu o colega de Câmara Municipal (CMBH) de conseguir a autorização da Polícia Federal para ter legalmente o porte de armas de fogo em território brasileiro. Na legislação, o Estatuto do Desarmamento proíbe que qualquer pessoa que responda a inquéritos policiais ou processos criminais consiga o porte.
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Duda Salabert sobre a barração de Nikolas no Corcovado: 'playboy mimado'Câmara de BH: Duda Salabert e Nikolas batem boca por uso de máscaraDuda Salabert recebe convite de grupos ligados a Kalil e Zema2° vereador mais votado de BH, Nikolas Ferreira chama Duda Salabert de homem: 'É isso que está na certidão'Queiroga sobre vacinação de crianças: 'Não implica decisão de emergência'Mesa Diretora da Câmara Municipal de Esmeraldas é composta só por mulheresSegundo ele, o motivo para o armamento estaria nas constantes ameaças que recebe. Uma forma de proteção e defesa, aponta. “Ela fez um tweet comemorando e brincando, dizendo que 'arminha só com a mão'. Então, deixou bem claro que a intenção nesse processo não é de fato porque ela se sentiu ofendida, pelo contrário, de fato é fazer uma vingança contra a minha pessoa.”
“Quero ver como vai ficar se algum dia eu precisar utilizar uma arma para me defender e eu não tiver por causa de lacração. Quero ver se ela vai se responsabilizar. Constantemente sofro ameaças de morte, recebo diversas mensagens pedindo a minha cabeça, ameaças não só contra mim, mas contra a minha família. E ela está querendo cercear um direito meu. Eu não estou querendo comprar arma ilegal. Pelo contrário, é um direito meu, como cidadão, de buscar o porte de arma, ainda mais com esse perigo iminente da minha exposição pública.”
Em suas redes sociais, Duda Salabert publicou, nesta quarta-feira (22/12), uma mensagem declarando que “seu papel na política é fortalecer a cultura da paz”. Na mesma postagem, comemorou a decisão: “Arminha só com a mão. Beijos da professora Duda”, disse em seu Twitter.
O PROCESSO
A queixa-crime em questão se refere a um episódio na Câmara Municipal no Dia Internacional das Mulheres, em agosto. Na ocasião, a presidente do Legislativo, Nely Aquino (Podemos), convocou todas as mulheres para compor a Mesa Diretora. Em discurso, Nikolas Ferreira parabenizou as “mulheres XX”, em referência aos cromossomos XX, e destacou o fato de Duda Salabert também estar compondo a mesa.
“E, hoje, inclusive, eu vi que a Câmara chamou várias mulheres para compor a Mesa Diretora e infelizmente tinha um vereador. Eu não vou me submeter. Eu não vou ficar de joelhos perante a negação da realidade”, disse Nikolas Ferreira.
Duda Salabert entrou com um processo alegando transfobia. Alguns meses depois, o vereador mantém o mesmo discurso e declara não se arrepender de nenhuma palavra dita. “Não vou me ajoelhar a pressão do coletismo, porque se não, posso me sentir presidente da Câmara e começar a agir como um, posso me sentir um milionário e requisitar o banco o meu bilhão. Então, a realidade já não é aquilo que você atesta com os olhos, é o que o interlocutor te impõe.”
“Não vejo que isso tenha sido transfobia. Pelo contrário, uma pessoa transfóbica é uma pessoa que não consegue conviver, que é doente e a minha declaração não tem nada disso. O que eu sinto que é que ficam lutando não por aceitação, mas por imposição. Então, eu não mudo uma vírgula daquilo que eu falei. De fato, no dia das mulheres, eu tinha que homenagear as mulheres.”
O caso corre na Justiça estadual, com competência de juízo em debate.