Jornal Estado de Minas

POLÊMICA

CRM-MG repudia suposta violência de vereador contra médica em Passos

O CRM-MG (Conselho Regional de Medicina) divulgou, na tarde desta terça-feira (28/12), nota de repúdio contra a suposta agressão que um vereador teria feito a uma médica na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) no domingo (26/12), em Passos, Sul de Minas. Na nota, o CRM-MG diz que é inadmissível que um vereador, eleito para representar os interesses da população, perante o Poder Público, agrida uma mulher, uma profissional no exercício de sua função enquanto servidora pública. O CRM cobra das autoridades a tomada de providência urgentes para reforçar para  reforçar a segurança e a melhoria de condições de trabalho nas unidades de saúde do Estado.




 
Por meio também de nota, a médica disse ter sido agredida enquanto trabalhava e dá a sua versão dos fatos. Ela diz que, na madrugada de domingo (26/12), enquanto fazia reavaliação médica para posterior alta e checagem de outro paciente com suspeita de infarto agudo no miocárdio, foi abordada por um indivíduo que se dizia vereador, aparentemente com sinais de embriaguez, com falas agressivas e intimidadoras, questionando a demora no atendimento.
 
A médica diz que tentou acalmá-lo, levando-o até a sala de triagem para mostrar as fichas que eram atendidas, conforme prioridade. Neste momento, o vereador teria segurado, chacoalhado e apertado o braço da profissional, dizendo de maneira agressiva: “agora você vai trabalhar”. A médica teria pedido para acionar a PM, o que foi feito por um enfermeiro. O vereador teria ido embora do local ao perceber que a PM foi acionada. “Com tudo isso, entrei em estado de pânico, chorando e tremendo, pois nunca passei por situação semelhante, em que o meu ambiente de trabalho tenha sido violado”, diz, na nota.
 
O diretor clínico da UPA, Flávio Ferreira, admitiu, também por meio de nota, ontem (27/12), que, por volta das 3h ocorreu, no interior da unidade, um tumulto, sendo que testemunhas alegaram que o vereador chegou ao local exaltado, inviabilizando o trabalho e gerando perturbação. A médica envolvida alegou que ele estava visivelmente sob efeito de álcool, chegando, em dado momento, a agredi-la, conforme conta no Boletim de Ocorrência lavrado pela Polícia Militar. “A diretoria esclarece, ainda, que o ocorrido será objeto de apuração junto aos órgãos competentes a fim de que os fatos sejam elucidados e todas as providências cabíveis adotadas”.




 
O vereador acusado da agressão, João Benedito Serapião (PL), nega, por meio de um esclarecimento, que tenha agredido a médica e disse que estava na UPA para ajudar uma família e para fiscalizar. Ele disse que estava em casa quando recebeu um telefonema de uma família que estava na UPA desde às 23h do sábado com uma criança com febre e, até então, não tinha recebido atendimento.
 
A família, continua o vereador, moradora da zona rural, solicitou sua ajuda e que ele, como vereador na função de fiscalizar, teria se deslocado até a unidade para ver o que estava acontecendo. Na UPA, ele teria constatado a demora, mais duas crianças aguardavam com os seus pais na fila, teria localizado a médica dentro da unidade e teria solicitado, educadamente e respeitosamente, que prestasse o atendimento à família.
 
“Doutora, por favor atenda aquelas crianças”. Ela teria perguntado a ele se ele era policial e ele teria dito que não, que era um vereador e ali estava a pedido de um casal para resolver um atendimento demorado. Feito isso, ele diz ter se deslocado  para recepção aguardando que a criança fosse atendida, o que aconteceu de pronto e, após esperar, deu carona pra família até onde moram.




 
“Qual foi minha surpresa ao retornar para casa depois das 4h da manhã e me deparar com a viatura da Polícia Militar cujos componentes alegaram ter recebido uma denúncia de agressão na UPA e que um enfermeiro teria ligado na PM dizendo que eu teria chegado no local fazendo escândalo, atrapalhando o trabalho, instigando os pacientes e que teria agredido uma plantonista. Fui convidado pela PM a fazer o teste do bafômetro e, no meu direito, neguei por estar sóbrio. A ocorrência terminou na porta da minha casa e, em nenhum momento, fui conduzido para Delegacia como espalharam os boatos e, em nenhum momento fugi da UPA”, diz um trecho da nota.
 
Hoje à tarde, os vereadores Francisco Sena (Podemos), Edmilson Amparado (MDB) e Plínio Costa de Andrade (PP) protocolaram um documento endereçado ao Presidente da Casa Legislativa, Alex Bueno (PSD), solicitando que seja criada a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, para verificar e apurar eventuais abusos durante o trabalho de fiscalização.

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