Deputados estaduais mineiros iniciam 2022 sem desperdiçar tempo para turbinar as atividades dos mandatos em ano de eleições. Parte dos parlamentares mira a reeleição à Assembleia Legislativa, mas há quem busque uma cadeira no Congresso Nacional. Além da corrida rumo à disputa nas urnas, outra frente se abre no Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG). Com a aposentadoria do conselheiro Sebastião Helvécio, haverá substituição na corte e a vaga a ser preenchida por indicação do Parlamento já tem quatro concorrentes envolvidos em articulações para ocupar o posto.
“Pretendo, em 2022, submeter meu nome aos colegas para representar a Assembleia no TCE”, diz o veterano Sávio Souza Cruz (MDB), eleito deputado estadual pela primeira vez no pleito de 1998. Alencar da Silveira Júnior (PDT), outro decano do Parlamento, hoje presidente do América Futebol Clube, também pleiteia a vaga na corte de contas. Na disputa estão, ainda, a emedebista Celise Laviola e Duarte Bechir (PSD).
O tempo de “casa” é um dos trunfos de Alencar na corrida. Ele é deputado estadual desde 1995. “Sou o mais antigo, com mais mandatos, tenho experiência na presidência na Câmara Municipal de BH e cinco mandatos na Mesa Diretora da Assembleia”, defende ele, que, se eleito para a corte, precisará deixar o comando do Coelho.
Em busca de emplacar a indicação, deputados já saíram à caça de apoios. “Estou com a documentação apta para me registrar como candidata. Tenho conversado com todos os colegas e procurado um por um”, afirma Celise Laviola. Duarte Bechir tem estratégia semelhante e, para se cacifar, cita experiências anteriores, como o período à frente da Prefeitura de Campo Belo, no Centro-Oeste mineiro. “Fiz parte das comissões que deram parecer a Mauri (Torres) e (Cláudio) Terrão . Participo muito das atividades na Assembleia, em comissões. Julgo-me muito preparado para me candidatar”, assinala.
Celise vem de “linhagem política” com tradição no estado. Ela é filha de José Laviola, deputado estadual que bateu recorde de votos nos anos 1990 e exerceu o cargo por cinco mandatos. José Henrique, parlamentar falecido em 2013, era seu cunhado. Se não conseguir a indicação ao tribunal, ela pretende tentar novo mandato em Minas Gerais. “Nosso histórico, mesmo, é na Assembleia Legislativa. Não tenho pretensão de me candidatar a deputada federal”, explica. A ida a Brasília também está “fora de cogitação” para Bechir.
Nos corredores da Assembleia, uma das possibilidades aventadas é promover a eleição para o TCE a partir de março. A aposentadoria de Helvécio foi publicada no início de dezembro e, desde então, um dos assentos titulares está vago. O escolhido precisará obter maioria absoluta de 39 votos — são 77 deputados estaduais. Pode, inclusive, haver segundo turno. Antes da análise em plenário da Casa, os nomes serão submetidos a uma comissão especial instalada para debater a indicação.
A votação será aberta. Alencar da Silveira garante já ter angariado 29 manifestações a seu favor — contando, é claro, com o próprio voto. “Vamos para a votação sabendo quem vota em quem. A disputa vai acontecer antes”, afirma.
“Em toda disputa, você entra para ganhar, mas sabendo que pode perder. Temos que saber administrar isso com muita seriedade, sem criar nenhum problema”, opina Celise Laviola. Nos bastidores, a avaliação é de que a escolha do presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PV), terá peso. A tendência é de que o voto dele seja fundamental para determinar a opinião dos colegas. O TCE tem atribuições como emitir parecer sobre as contas anuais do governo estadual e das 853 prefeituras mineiras.
Sonho federal Cleitinho Azevedo (Cidadania), famoso por vídeos virais em tom crítico a governantes, não descarta disputar o Senado Federal. Embora não tenha certeza disso, garante que tentará chegar ao Planalto Central de algum modo. “Uma coisa já defini: não venho mais a estadual. Pré-candidato a federal é certeza de eu ser. Se eu perceber que tem oportunidade para ser candidato a senador, serei”, projeta.
A possibilidade de tentar a terceira vaga de senador, segundo Cleitinho, está condicionada aos resultados de pesquisas eleitorais e a eventual clamor popular. “Fiscalizo muito o estado, mas faço uma parte ‘extra’ do trabalho, de falar muito das reformas política e tributária, e a gente sabe que isso é no Congresso, na esfera federal. Queria dar um passo à frente”, emenda, ao explicar a intenção de se mudar para Brasília.
Bruno Engler (PRTB) também vai buscar assento na Câmara dos Deputados. Bolsonarista de primeira hora, ele está de mudança para o Partido Liberal (PL), nova legenda do presidente da República. Quem também deve migrar para a sigla é Coronel Sandro, do PSL.
Mudanças podem ocorrer, ainda, no Avante, agremiação componente da base aliada do governador Romeu Zema (Novo). Segundo apurou o Estado de Minas, Roberto Andrade e Bosco devem deixar a legenda. Andrade, inclusive, pode se transferir a outro partido próximo ao governo estadual. Paralelamente, a lista dos que tentarão a reeleição na Assembleia tem nomes como Professor Cleiton, filiado ao PSB.
NO ALVO
Candidatos declarados à cadeira vaga no TCE-MG
» Sávio Souza Cruz (MDB)
» Alencar da Silveira Júnior (PDT)
»Celise Laviola (MDB)
» Duarte Bechir (PSD)