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Estado de Minas 'TARADOS DA VACINA'

Sociedade Brasileira de Pediatria repudia ataques de Bolsonaro

Para entidade, população deve temer a doença e não a vacina; discussão cresceu após presidente chamar de 'tarados da vacina' quem defende imunização de crianças


07/01/2022 12:40 - atualizado 07/01/2022 13:00

Vacinação do público de 5 a 11 anos é autorizada no Brasil pela Anvisa
Segundo o Ministério da Saúde, mais de 300 crianças entre 5 e 11 anos morreram no Brasil em decorrência da COVID-19, desde março de 2020 (foto: Agência Brasil)
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) emitiu uma nota de repúdio nesta sexta-feira (7/1) aos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) referentes à vacinação de crianças contra COVID-19. O chefe do Executivo afirmou ontem desconhecer o número de óbitos de crianças vítimas da enfermidade e criticou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por liberar a vacinação do público pediátrico.


Ainda que diante da liberação pela Anvisa e o anúncio da imunização pelo Ministério da Saúde, ele acusou o que chamou de 'verdadeiros interesses' dos “tarados por vacinas”. As declarações foram concedidas em entrevista à TV Nova Nordeste.

“Desconheço, mas com toda certeza existe algum moleque que morreu em função de COVID, mas tinha algum problema de saúde grave ou tinha outra comorbidade”, afirmou o presidente, desconhecendo a estatística do próprio Ministério da Saúde. Segundo o órgão, mais de 300 crianças entre 5 e 11 anos morreram no Brasil em decorrência da COVID-19, desde o primeiro caso descoberto da doença respiratória no Brasil, em março de 2020.

Ainda sem apresentar evidências, o presidente sustentou que há efeitos colaterais das doses do imunizante da farmacêutica Pfizer. “Você vai vacinar seu filho contra algo que o jovem, por si só, a possibilidade de morrer é quase zero? O que está por trás disso? Qual é o interesse da Anvisa por trás disso? Qual é o interesse das pessoas taradas por vacina? É pela sua vida? Pela sua saúde? Se fosse, estariam preocupados com outras doenças e não estão. Não se deixe levar por propaganda”, ironizou.

Após os comentários, a Sociedade Brasileira de Pediatria emitiu nota de repúdio reforçando que “a população não deve temer a vacina, mas, sim, a doença que ela busca prevenir”.

“O acesso das crianças à vacina contra a COVID-19 é um direito que deve ser assegurado, o qual conta com o apoio da maioria dos brasileiros, conforme expresso em consulta pública realizada sobre o tema pelo Ministério da Saúde”, ressalta trecho da nota da SBP.

“A vacinação desse público é estratégia importante para reduzir o número de mortes por conta da COVID-19 nessa faixa etária, no Brasil, cujos indicadores são mais expressivos do que em outras nações”, acrescenta outro trecho.  “Até o momento, os estudos realizados apontam a eficácia e a segurança da vacina aplicada na população pediátrica, a qual é fundamental no esforço para reduzir as formas graves da COVID-19”. 

O documento também lamenta a atitude daqueles que, como o presidente Jair Bolsonaro, colocam a vacinação em dúvida. “A vacina previne a morte, a dor, sofrimento, emergências e internação em todas as faixas etárias. Negar este benefício às crianças sem evidências científicas sólidas, bem como desestimular a adesão dos pais e dos responsáveis à imunização dos seus filhos, é um ato lamentável e irresponsável, que, infelizmente, pode custar vidas”.


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