O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou, nesta sexta-feira (7/1), que "não tem nada a temer" após ser alvo de denúncias de condutas antiéticas por profissionais da saúde. "Ontem, um grupo de secretários me denunciou. Podem denunciar, não temos nada a temer", declarou em conversa com jornalistas.
Um grupo de médicos ex-presidentes do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems/SP) solicitou ao Conselho Federal de Medicina (CFM) a abertura de um processo ético-profissional contra Queiroga.
Os profissionais afirmam que o ministro cometeu "infrações éticas graves no exercício da medicina, em razão de suas atribuições e responsabilidades frente ao Ministério da Saúde do governo brasileiro". O grupo destacou, principalmente, a resistência de Queiroga em relação à vacinação de crianças entre 5 e 11 anos contra a covid-19.
Desde que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a aplicação do imunizante da Pfizer no público infantil, o ministro da Saúde tem demonstrado resistência e causado polêmicas. Queiroga sugeriu a obrigatoriedade de uma prescrição médica para a aplicação do imunizante no grupo. A proposta, no entanto, foi criticada por especialistas e derrubada na consulta pública aberta pela pasta sobre o assunto.
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"(...) Em gesto claramente dificultador ao processo de vacinação, jamais utilizado para nenhuma outra vacina, o médico objeto desta denúncia, informou que a vacina exigiria prescrição médica para sua aplicação, uma clara demonstração de limitação ao exercício do direito das crianças quanto à vacinação, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente", escreveu o grupo de médicos no documento enviado ao CFM.
Pressão política
Queiroga também tem sido pressionado no meio político. Nessa quinta-feira (6), ele foi convocado a comparecer na Comissão Representativa do Congresso Nacional para também prestar esclarecimentos sobre a vacinação infantil. O requerimento foi assinado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede).
"Restam dúvidas sobre as estratégias e as políticas traçadas pelo governo federal sobre a suficiência do quantitativo de vacinas adquiridas pelo Brasil para aplicação em 2022, assim como o respectivo cronograma de distribuição e aplicação de doses nas crianças, na população adulta não vacinada e naquela em que será necessária a aplicação de doses de reforço", afirmou o senador.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro